SENAI-RN participa de debate no Brazil Windpower com exemplos de estratégias ESG e impulso à diversidade

18/09/2023   17h36

O diretor do SENAI do Rio Grande do Norte e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello, ressaltou, no Brazil Windpower – maior evento de energia eólica da América Latina – a relevância da diversidade e da busca por “equilíbrio” do setor por meio de estratégias ESG.

 

A sigla em inglês para Environmental, Social and Governance corresponde a práticas ambientais, sociais e de governança que viraram sinônimos de sustentabilidade no mundo corporativo e que, nas palavras dele, “estão no DNA” de empresas e instituições ligadas ao setor.

 

O assunto foi o centro das discussões no painel ESG/Diversidade, realizado no último dia do evento. Ações para elevar a participação feminina e de outros grupos da população sub-representados nos parques eólicos e em outras profissões tecnológicas estiveram entre as principais vertentes abordadas. “É possível ampliar essa participação na lógica de mais equilíbrio entre pessoas para que (o tema) não vire discurso vazio, solto, e sim para que se gere riqueza”, disse Mello.

 

 

O executivo citou exemplos de investidas com essa perspectiva desenvolvidas pelo Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, em parceria com empresas, para levar educação profissional a diferentes municípios do Rio Grande do Norte com foco em ocupações na construção civil e em frentes ligadas à operação e manutenção de parques eólicos. O estado é líder nacional em geração de energia eólica e a instituição é o principal centro de formação profissional do SENAI no Brasil com foco na atividade.

 

Iniciativas realizadas com a Elera Renováveis e com a AES Brasil para estimular a inclusão de mulheres e potencializar, por consequência, a busca por mais equilíbrio no mercado de trabalho foram destacadas pelo diretor entre as iniciativas que têm impulsionado a diversidade.

 

A implantação da 1ª escola de formação profissional para povos indígenas com foco em energia eólica, em parceria com a CPFL Renováveis – “um projeto de caráter desenvolvimentista”, nas palavras do executivo, também foi mencionada entre as ações mais recentes alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), cujo propósito é, de forma geral, acabar com a pobreza, reduzir desigualdades, fomentar a educação de qualidade e combater as mudanças climáticas no mundo.

 

O SENAI-RN foi o primeiro do Brasil a se tornar signatário do Pacto Global de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção da ONU, um marco também lembrado por Mello.

 

Além dele, participaram como debatedores no painel o diretor de Operações, Engenharia e Obras da CPFL, Francisco Galvão, a diretora de Engenharia e Implantação da Engeform – PEC Energia, Janaína Cabral Angelim, a diretora de Licenciamento Ambiental da Elera Renováveis, Tatiana Marques, a doutora em Planejamento Energético, professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-diretora executiva corporativa do Instituto Brasileiro do Petróleo – IBP, Fernanda Delgado. A mediação ficou por conta da gerente de Diversidade e inclusão da ENGIE Brasil e Head do tema na América do Sul, Erika Zoeller.

 

Formação

 

Outro tema discutido pelo grupo foram necessidades de formação profissional adequada às demandas reais da indústria – e compatível com o ritmo das tecnologias embarcadas na atividade, em constante evolução.

 

Nesse sentido, o diretor do SENAI mencionou a FAETI, Faculdade de Energias Renováveis e Tecnologias Industriais, do SENAI-RN, já credenciada pelo Ministério da Educação e com início das operações programado para 2024.

 

 

A meta da instituição é formar profissionais de engenharia em cursos de graduação e pós-graduação que oferecem uma consistente união entre teoria e prática, com forte interação com a indústria. Ele apresentou ainda a “Especialização em gestão avançada para energia eólica” – primeira especialização técnica do Brasil voltada a profissionais que atuam no back-office do setor, em áreas ligadas à gestão interna dos negócios, lançada pelo CTGAS-ER no Brazil Windpower.

 

O crescimento que a atividade impulsiona em indicadores econômicos, medido a partir de dados oficiais em análise recente lançada pela instituição, foi outro ponto para o qual chamou a atenção.

 

Desenvolvimento

 

Francisco Galvão, da CPFL Renováveis, destacou a descentralização do desenvolvimento que o setor tem promovido em regiões “onde o desenvolvimento tinha dificuldade de chegar”.

 

“Não é só o desenvolvimento de mão de obra para o setor, mas de toda uma economia”, disse, ressaltando a importância da análise prévia das necessidades de cada área, uma vez que cada uma tem suas particularidades. “Qual pauta ESG eu deveria aplicar naquela região?”, externou como reflexão.

 

Em João Câmara, município com maior concentração de ativos da empresa, a implantação de um sistema de dessalinização de água que abastece três comunidades indígenas virou realidade a partir de um diagnóstico sobre necessidades locais realizado pela companhia. Em um passo posterior, houve a criação da escola de capacitação para povos indígenas, beneficiando as mesmas comunidades.

 

 

Tatiana Marques, da Elera, citou a relevância de se “entender o lugar do outro, no contexto em que ele vive”. Janaína Angelim, da PEC, chamou a atenção para ações que estimulam o empoderamento feminino. “As mulheres acham que não podem, que não devem, mas (a mudança nessa perspectiva) é questão de tempo”, disse.

 

A professora da FGV, Fernanda Delgado, lembrou que a escassez de mão de obra qualificada no país torna ainda mais importante a realização de projetos que possibilitem a inclusão da sociedade como um todo nesse processo. “A inclusão passa a ser uma necessidade porque não vai ter mais gente para trabalhar”, alertou, frisando que os esforços para preparação de pessoal devem ir além dos grupos sub-representados. No caso das mulheres, ela frisou que a questão não é somente quantitativa. “A gente não pode ser só número. A gente tem que ser voz, poder de decisão. Tem de ser ouvida tanto quanto o homem, sem precisar ter que provar a competência a cada 3 minutos ou a cada reunião”.

 

O Brazil Windpower foi promovido pela Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica) em conjunto com o Global Wind Energy Council (GWEC) e o Grupo CanalEnergia / Informa Markets. O evento foi realizado entre os dias 12 e 14 de outubro na São Paulo Expo.

 

ESG Showcases

 

Em um espaço chamado ESG Showcases, ações sociais realizadas pelo setor eólico no Nordeste brasileiro foram apresentadas durante os três dias em diferentes telas posicionadas nos corredores do Brazil Windpower, por meio de fotos e vídeos que incluíam uma série de projetos também do SENAI do Rio Grande do Norte.

 

Projetos mencionados pelo diretor da instituição estão entre os exibidos na iniciativa. A lista inclui ainda a revista em quadrinhos Superliga contra nuvens de gás, recomendada pelo Ministério da Educação e pela agência de cooperação internacional alemã GIZ para ensino de equidade de gênero e transição energética nas escolas brasileiras. O conteúdo,  concebido pelo Sistema FIERN, por meio do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER),  foi inserido na cartilha digital “Energia & Equidade de Gênero”, acessível no Portal da Indústria, e está disponível à população com download gratuito.

 

Texto e fotos: Renata Moura
#SENAI #BrazilWindPower

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