“As maiores empresas e instituições do Brasil e do mundo estão se instalando aqui. São escritórios de inovação para os setores de energia e do gás. E há outros por vir”, ressalta o diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial no Rio Grande do Norte (SENAI-RN), Rodrigo Mello, indicando a representantes da Câmara de Indústria e Comércio da cidade de Trier, da Alemanha (EIC Trier), o movimento de ebulição registrado no Hub de Inovação e Tecnologia (HIT) da instituição, em Natal.
Ele aponta em direção a um conjunto de salas do Complexo e explica: “É o nosso Habitat de Inovação”.
O grupo avança pelos corredores. Observa laboratórios, estudantes e também pesquisadores/as e técnicos/as mergulhados/as em um mundo de ensaios, estudos, análises e dados.
A conversa enquanto caminham e, antes, em uma sala de reuniões, envolve “avaliação de impactos”. É sobre “antes e depois” de uma série de ações que entraram em campo. Uma delas, o Projeto Verena – executado por meio de acordos de cooperação entre o SENAI e o SENAC do Rio Grande do Norte com a Câmara alemã – é o tema central do encontro.
Resultados
Frutos do projeto dão sinais por onde passam no Complexo do SENAI, assim como além das fronteiras da capital, em salas de aula da instituição a todo vapor no interior do estado.
Mello, também diretor do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER) e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), apresenta as instalações em Natal ao coordenador do Verena pela EIC Trier, Matthias Fuchs, ao coordenador do projeto no Brasil, Andreas Dohle, e ao intérprete, também alemão, Frank Duesberg. A aceleração de investimentos no setor de energia e a necessidade de novas investidas nas áreas de educação e inovação entram no diálogo.
Alguns metros depois, o grupo avança para dentro de um grande galpão onde circulam anualmente milhares de profissionais do Brasil inteiro, em cursos de segurança do trabalho turbinados com a ajuda da experiência e de investimentos do país europeu.
“Também é aqui que faremos o desenvolvimento prático do primeiro buggy elétrico”, frisa o diretor, fazendo menção ao primeiro carro elétrico em concepção no estado. O buggy, da indústria de veículos Selvagem, é um dos frutos do Verena. Especialistas da Alemanha desembarcam no segundo semestre em Natal, para seguirem, com equipes do CTGAS-ER e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para as próximas etapas do trabalho.
“Esse Projeto – o Verena – precisa ser avaliado com o antes e o depois, com o que trouxe de diferente e foram várias as coisas que aconteceram”, observa Mello, com exemplos: “Essa parceria contribuiu e muito para o desenvolvimento dos nossos profissionais, para a parte de eficiência, para energias eólica e fotovoltaica, e teve, sem dúvida, grande participação na forma com que o centro se relaciona com o mercado atualmente”.
Educação
Um dia antes, os consultores alemães conheceram parte das turmas do SENAI-RN nos municípios de Lajes e Itajá.
Os cursos são gratuitos para a população, financiados por uma empresa no setor de energias renováveis.
Cerca de 240 pessoas, entre homens e mulheres nesses e em outros dois municípios – Assu e Angicos – participam do programa de capacitação, nas áreas de construção civil, elétrica e administrativa.
Lajes, município potiguar com mais parques eólicos em desenvolvimento, é a primeira parada dos visitantes.
Metodologias e infraestrutura de cursos do CTGAS-ER já realizados na região, voltados à energia eólica e solar, foram desenvolvidas ou aperfeiçoadas por meio de troca de experiências e investimentos do projeto com a Alemanha.
“A unidade móvel que trouxemos para aulas sobre segurança do trabalho em altura, por exemplo – promovidos com outra empresa – é um dos frutos desse trabalho”, explicou Amora Vieira, coordenadora do Projeto Verena no SENAI-RN, se dirigindo a uma das novas turmas que a instituição está formando na cidade, desta vez, na área administrativa.
Atentos/as à gestora, homens e mulheres – parte deles/as egressos/as dos cursos de energia que menciona – ouvem as perspectivas que existem no horizonte.
“Tem muita coisa acontecendo aqui na região”, diz Amora. “Tem outra eólica se instalando e ela também vai investir em qualificação em energia solar e eólica. Já estamos conversando. Então, fiquem atentos/as às oportunidades. O que a gente quer, ao final, se houver demanda (das empresas), é encaminhar o currículo de vocês para esse mercado”.
Verena
O projeto Verena nasceu em 2015 a partir de uma parceria firmada entre os estados da Renânia-Palatinado – sede da EIC Trier, na Alemanha – e do Rio Grande do Norte.
As atividades do projeto terminam, na prática, em dezembro deste ano. Mas uma cerimônia oficial de encerramento, para o balanço das ações, foi realizada esta semana.
“O projeto é uma parceria para a educação, em que entidades de educação profissional da Alemanha cooperam com entidades de educação profissional de outros países, neste caso, com o SENAI e o SENAC RN, em áreas como formação e aperfeiçoamento de professores, criação de novos cursos e na busca de excelência, seja via certificação ou de outras normas internacionais a serem alcançadas”, diz o coordenador do Projeto no Brasil, Andreas Dohle, acrescentando que o projeto registrou “marcos extremamente relevantes”.
“Com certeza as certificações GWO – treinamentos com certificação internacional que tornam o trabalho em parques eólicos mais seguro – e os novos cursos que formamos estão entre esses marcos”, acrescentou ele, destacando, ainda, a criação da Comissão Temática de Energias Renováveis, da FIERN, a COERE, entre os resultados.
A Comissão reúne empresas e diversas instituições locais e nacionais de peso em um fórum de discussões, acompanhamento e proposições mensais sobre a atividade no país. Atualmente, é presidida pelo presidente do Sistema FIERN e do Conselho Regional do SENAI-RN, Amaro Sales de Araújo.
Sentado dentro de uma unidade móvel do SENAI, no município de Itajá, Matthias Fuchs, coordenador do Verena no Brasil, também chama a atenção para os “êxitos do projeto”.
As novas perspectivas abertas para quem enxerga transformações via sustentabilidade, segundo o consultor, encabeçam a lista de ganhos – sintetizada por ele com uma das expressões que aprendeu em português, no Rio Grande do Norte: “Top de linha”.
Veja, a seguir, galeria de imagens da visita da EIC Trier.
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