O Rio Grande do Norte terá o primeiro “Polo” da Agência Espacial Brasileira (AEB), no país, para o desenvolvimento de projetos educacionais que unam vocações da região – a exemplo das energias renováveis – com questões relacionadas ao espaço.
A iniciativa está entre as previstas em acordo de cooperação técnica firmado em 2021 pela Agência Espacial Brasileira com o Sistema FIERN, por meio do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).
O acordo pretende impulsionar o desenvolvimento inédito e a expansão do uso de tecnologias como satélites e radares no setor nacional de energia, assim como fomentar o conhecimento e o compartilhamento de experiências entre as áreas.
A inserção de conteúdos relacionados a atividades espaciais no currículo de cursos técnicos profissionalizantes ligados ao setor elétrico e no Novo Ensino Médio está entre as possibilidades estudadas, para despertar o interesse especialmente de crianças e jovens por profissões na área tecnológica.
O assunto foi tema de discussões na quinta e sexta-feira (29), em Natal, entre a consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, na AEB, Valentina Scott, e representantes das equipes de educação do SESI e do SENAI-RN, principal referência do SENAI no Brasil em educação profissional para as indústrias de energia e do gás.
“Esta é uma parceria importante que nós temos com a Agência Espacial Brasileira e que, para além do desenvolvimento de soluções tecnológicas de forma conjunta, vai possibilitar o desenvolvimento de soluções educacionais que aproximem o público jovem, numa perspectiva de que o espaço não seja visto como uma coisa inatingível, mas sim como um possível ambiente de trabalho ou ambiente onde é possível gerar experiências para a carreira que essas pessoas pretendem seguir no futuro”, diz o diretor do ISI-ER e do departamento regional do SENAI-RN, Rodrigo Mello.
PIONEIRISMO
Segundo Valentina Scott, consultora da Agência, esta seria a primeira iniciativa da AEB no Brasil para despertar vocações profissionais com foco no espaço, junto ao setor industrial.
“O estado seria o pioneiro, em uma ação com perspectiva de trazer a discussão baseada em inovação, sustentabilidade e indústria, com o objetivo de mostrar o espaço para os jovens também como possibilidade de carreira”, ressaltou a consultora nesta sexta-feira, após reuniões no Hub de Inovação e Tecnologia (HIT) do SENAI-RN, complexo que sedia o ISI-ER, o Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER) e, entre outros laboratórios, iniciativas do SESI na área de robótica.
Informações colhidas durante a visita deverão subsidiar a proposta de instalação do Polo da AEB em Natal, em local ainda a ser divulgado, mas com expectativa de implementação da primeira fase “o mais breve possível”, segundo a consultora.
Como desenvolver cursos de nível técnico e até mesmo pós-graduações, graduações e atividades formativas para educação básica levando em consideração a vocação da região está entre as questões que a consultoria que está realizando vai ajudar a responder.
“Nossa ideia é primeiro mapear as sinergias. Mapear todo o ecossistema espacial do estado, além de ações que já existem, os currículos específicos dos cursos e como a Agência pode apoiá-los com expertise técnica e com tecnologias espaciais”, acrescenta.
POLOS TECNOLÓGICOS
Amora Vieira, assessora de Mercado e Projetos do SENAI-RN, reforça que a promoção de Polos Tecnológicos do setor espacial na indústria, com o objetivo de fomentar coordenadamente a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico, o estudo técnico e o surgimento de novos negócios, é um dos pontos previstos no acordo de cooperação técnica firmado pela AEB em 2021 com o Sistema FIERN, que engloba o SENAI, o SESI, o IEL e a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN).
“No âmbito do SENAI, neste momento nós estamos discutindo a abrangência de como podemos aprimorar a nossa entrega de educação profissional técnica, envolvendo conteúdos voltados ao que a Agência Espacial Brasileira precisa fomentar em termos de conhecimento”, explica Vieira. “Vamos entender como esse modelo se encaixa. Em um curso técnico em eletrotécnica, por exemplo, como os temas trazidos pela Agência se aplicam, que conexão a gente faz com o mercado de trabalho para que faça sentido envolver algum tipo de tecnologia espacial no conteúdo do SENAI”, observa ainda.
A perspectiva curricular, o uso de laboratórios, como são desenvolvidas metodologias de ensino, que metodologias são adotadas e como são pensados os currículos estão entre os pontos discutidos nos últimos dois dias. Quais tecnologias espaciais são empregadas no estado, que tipo de competências e habilidades jovens estudantes precisam desenvolver de olho em ocupações voltadas às energias renováveis e que tipo de competências podem desenvolver dentro das tecnologias espaciais para que possam ter empregabilidade, também entraram em pauta.
“Mas, além disso, nós buscamos entender quais parcerias educacionais nós podemos fazer aqui dentro do SENAI e do SESI, onde há grande sinergia com o que a Agência pretende desenvolver, em projetos que já existem ou desenvolvendo novos projetos baseados na vocação do território e no ecossistema espacial do estado, que também engloba o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) e todo um histórico de ações e pesquisas com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)”, diz a consultora da AEB.
Na quinta-feira, ela visitou a SESI Escola em São Gonçalo do Amarante e se disse entusiasmada com a estrutura, o aparato tecnológico e de robótica, a metodologia de ensino-aprendizagem e as iniciativas desenvolvidas na unidade, considerada escola modelo do SESI no Rio Grande do Norte.
Av. Senador Salgado Filho, 2860 - Lagoa Nova - Natal/RN - CEP: 59075-900