A diretora do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, Amora Vieira, apresentou no Brazil Windpower – maior evento de energia eólica América Latina – projetos executados pela instituição que levam qualificação profissional a regiões com parques eólicos, conectando demandas da população e das empresas do setor.
As ações, desenvolvidas no Rio Grande do Norte, líder nacional em geração de energia eólica, têm impulsionado novas perspectivas de educação e possibilidades de emprego no ramo para homens, mulheres e comunidades indígenas.
O assunto foi abordado em um painel chamado “Case Comunidade ESG | Aceitação Social e Impactos Socioambientais nas Comunidades”, em que a executiva participou como uma das debatedoras convidadas. O Brazil Windpower foi encerrado nesta quinta-feira (14), em São Paulo.
“A discussão desse tema no evento e também fora dele é relevante porque a implantação dos empreendimentos eólicos significa uma relação de longo prazo com as comunidades e as pessoas precisam entender o que está acontecendo onde vivem, precisam se sentir parte desse desenvolvimento e ter condições de efetivamente aproveitar as oportunidades que se abrem”, observa Amora.
O CTGAS-ER é o principal centro de formação profissional do SENAI no Brasil com foco no setor eólico. A exposição da diretora do Centro foi realizada na Arena Windtalks, espaço do Brazil Windpower dedicado ao compartilhamento de estudos, casos de sucesso e demonstrações de soluções no setor.
Caminho
A apresentação da executiva foi centrada em como o SENAI tem construído trilhas de formação profissional que levam em consideração a realidade socioeconômica dessas regiões e são customizadas para atender as demandas do setor.
Cursos diversos financiados pelas empresas são oferecidos de forma gratuita no estado. “Nós encontramos um caminho que passa por entender a necessidade da comunidade local e mostrar opções à indústria para que faça escolhas assertivas em programas de capacitação onde atuam”, observa Amora.
Entre os projetos citados pela diretora nesse contexto estão o Keep it Local, realizado em parceria com a EDP Renováveis, quarta maior produtora de energia eólica e solar do mundo, e a Vestas, empresa líder na fabricação, venda, instalação e manutenção de aerogeradores.
A iniciativa formou 25 pessoas, no final de 2022, para operação e manutenção de parques eólicos, em um curso gratuito com mais de 50% do público participante composto por mulheres.
O principal objetivo da iniciativa, segundo as instituições envolvidas, é evitar o despovoamento na região e impulsionar a empregabilidade nas zonas rurais, num setor com crescente representatividade no país e cada vez com maior importância na matriz energética brasileira.
Outro exemplo apresentado foi a “Primeira Escola de Formação para Povos Indígenas”, do Brasil, com foco no setor de energia eólica, lançada em agosto deste ano com a CPFL Renováveis, do Grupo CPFL Energia.
Por meio do projeto, homens e mulheres de três comunidades indígenas, no município de João Câmara, terão acesso à qualificação profissional gratuita para exercer atividades no ramo. A formação será em Auxiliar de Manutenção Eólica, com carga horária distribuída em aproximadamente oito meses de curso, o equivalente a 480 horas.
Além de Amora Vieira, participaram da sessão como debatedores o gerente ambiental da SEMACE, José Wilker, a gerente de sustentabilidade e carbono do 2W Ecobank, Mariana Fieri, e a Head de ESG da Echoenergia, Debora Lemes Tavares.
Centro também participa de painel sobre “Segurança do trabalho e treinamento no contexto ESG”
A diretora do CTGAS-ER também foi moderadora, na Arena O&M do Brazil Windpower, do painel “Segurança do trabalho e treinamento no contexto ESG: melhores práticas para parques eólicos”, que teve como debatedores representantes da EDF Renewables, da Engeform Energia, do Grupo Tech.Wind e da Omega Energia.
“Regras de ouro”, com práticas e ferramentas que ajudam a reduzir acidentes e a aumentar a segurança dos trabalhadores, foram apresentadas pelas companhias. O papel das lideranças, a empatia e o envolvimento de todas as pessoas das organizações, incluindo fornecedores, foram apontados como chaves nesse contexto.
“Construir uma cultura não é fácil, não é simples, mas é possível”, disse o diretor de operações da Eólica Serra das Vacas, da Engeform Energia, Vladimir Reis.
Luísa Moreira, diretora de Operações da EDF Renewables, ressaltou a relevância da comunicação assertiva e de um ambiente que “dá o poder da palavra às pessoas”. “É preciso criar uma relação de confiança em que as pessoas tenham segurança para falar, fazer com que a equipe saiba que pode contar comigo. Isso faz com que não escondam nada e com que possamos identificar riscos e pontos de melhorias para que todos voltem seguros para casa”, frisou.
Pressão no trabalho e o papel da liderança podem influenciar, negativa ou positivamente, os resultados alcançados em campo e a segurança da operação, observou o gerente de Saúde e Segurança da Omega Energia, Leonardo Prado. “A cultura de segurança e a cultura organizacional devem caminhar juntas. Ganha-se com isso em todos os aspectos, incluindo produtividade e qualidade”, disse ele, acrescentando que o “exemplo começa pela liderança”.
Daniel Parente, gerente corporativo de Saúde e Segurança do Trabalho do Grupo Tech.Wind, chamou a atenção para o que nomeou de “busca por uma nova interpretação do erro humano”. “É preciso gerenciar a complexidade da imperfeição. Erros irão existir. Mas como eu garanto que esse erro ocorra em um ‘ambiente falha segura’? como a liderança responde a eventos indesejáveis?”, disse ele, lançando a reflexão para o público. “É preciso investir em segurança psicológica para que as pessoas se sintam tranquilas para errar, refletir, sair do modo inconsciente para o consciente, para que possam aumentar a percepção de risco”, acrescentou Parente.
Na visão dele, a cultura de saúde e segurança pode ser associada à alma de uma empresa.
“E esse é um processo, uma jornada, algo contínuo que precisa envolver a todos”, completou Amora Vieira, em meio à exposição dos debatedores.
O Brazil Windpower foi promovido pela Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica) em conjunto com o Global Wind Energy Council (GWEC) e o Grupo CanalEnergia / Informa Markets. O evento foi realizado entre os dias 12 e 14 de outubro na São Paulo Expo.
Texto e fotos: Renata Moura
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