Iniciativas do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER) do SENAI-RN, que buscam igualdade de oportunidades para meninas e mulheres na educação e no mercado de trabalho, foram reconhecidas nacionalmente como “boas práticas em gestão escolar” e serão premiadas em solenidade programada para este trimestre.
O resultado da premiação, voltada a escolas da rede SENAI em todo o Brasil, foi anunciado na última sexta-feira (05), após avaliação de iniciativas em diversas áreas.
Do total de 69 projetos inscritos, 23, oriundos de 13 estados, foram selecionados – incluindo o do Rio Grande do Norte.
Intitulado “Aplicação do ODS 5 em projetos demandados por empresas de energia para qualificação de mulheres no Rio Grande do Norte”, o projeto do CTGAS-ER mostra que a adoção de estratégias baseadas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) – em especial o ODS 5, que busca igualdade de gênero e empoderamento de mulheres e meninas – tem contribuído para o alcance da equidade no acesso à educação profissional e ao emprego em setores em que o estado é líder no país, como o de energia eólica.
Iniciativas nessa direção ganham corpo na unidade desde o ano passado. “São iniciativas centradas, neste primeiro momento, especialmente no setor elétrico, onde identificamos e temos atendido a uma crescente demanda de empresas por capacitar e empregar profissionais do sexo feminino em áreas em que os homens ainda predominam”, diz o diretor do CTGAS-ER e do departamento regional do SENAI-RN, Rodrigo Mello, citando o prêmio como um “importante reconhecimento dos esforços já iniciados e sinal de que é possível ir além”.
O CTGAS-ER é um dos cinco Centros de Educação e Tecnologias do SENAI-RN e referência do SENAI no Brasil em educação e serviços para indústrias de energias renováveis e do gás, além de centro de excelência para soluções que estão em desenvolvimento – em parceria com a Alemanha – voltadas à educação profissional na cadeia produtiva do hidrogênio verde.
PREMIAÇÃO
O III Edital de Boas Práticas das Escolas SENAI, que vai premiar o Centro, foi lançado pelo Departamento Nacional do SENAI para valorizar práticas que contribuíram para a melhoria de resultados da instituição em 2021 e 2022, com foco no desenvolvimento de três pilares: inovação, digitalização e sustentabilidade.
A contribuição para melhoria de indicadores da instituição, o grau de inovação envolvido e a contribuição para o aumento da produção aluno-hora, receita e/ou número de matrículas estão entre os critérios avaliados.
PROJETO
O projeto do CTGAS-ER anunciado entre os 23 aprovados no país teve início em maio de 2021 e incluiu, inicialmente, um estudo da “Agenda 2030” da Organização das Nações Unidas (ONU) – um conjunto de 17 Objetivos a serem atingidos até o ano 2030 por diversos países, incluindo o Brasil, que busca, de forma geral, acabar com a pobreza, reduzir desigualdades, fomentar a educação de qualidade e combater as mudanças climáticas no mundo.
A identificação dos ODS compatíveis com a atuação da unidade, a incorporação desses Objetivos na rotina e a disseminação de informações relacionadas a eles em peças de comunicação e em lives para o público interno, ou abertas à população, com participação de especialistas e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) – agência líder da ONU para o desenvolvimento e apoiadora de interessados/as na implementação dos ODS – foram outras frentes de atuação descritas no projeto.
A apresentação de propostas comerciais ao mercado com a possibilidade de turmas exclusivas para o público feminino e o alinhamento com a equipe de educação para conscientização sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável também foram incorporados à estratégia.
“Essa é uma premiação que consolida que estamos no caminho certo e que demos um passo importante quando pensamos em gênero, na inserção das mulheres”, analisa Amora Vieira, assessora de Mercado e Projetos do SENAI-RN que lidera estratégias na instituição para promover diversidade em cursos como os de energias renováveis.
Ampliar a comunicação sobre o tema, além de potencializar a ideia de que é preciso não só formar, mas preparar mulheres e meninas para efetivamente ocuparem mais espaços no mercado, estão entre os desafios que ela diz enxergar “para que mulheres e meninas percebam oportunidades, para que preparem bem o currículo, para que identifiquem situações de risco, como ofertas não reais de trabalho, e disputem as vagas que surgirem e possibilidades de ascensão na carreira em pé de igualdade com os homens”.
DE OLHO NOS NÚMEROS
Dados divulgados pelo CTGAS-ER mostram que as mulheres correspondem a cerca de 10,5% das matrículas ativas no contexto global da unidade, que forma profissionais para as áreas tecnológicas de eletroeletrônica, geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, metalmecânica, refrigeração e climatização e saúde, segurança no trabalho e tecnologia da informação. Nos cursos de energia eólica, elas representam pouco mais de 10%.
No mercado de trabalho, um estudo da agência alemã GIZ mostra que as mulheres somam 20% da força de trabalho empregada em parques eólicos no Brasil. Dados da Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar (MESol) apontam que, no setor de energia solar, por sua vez, elas correspondem a aproximadamente 20% da força de trabalho na atividade e que as regiões Norte e Nordeste concentram a menor fatia desse público.
O objetivo do projeto que desenvolve, segundo o CTGAS-ER, é utilizar o ODS 5 como um roteiro para ações afirmativas para mulheres e meninas no âmbito da educação profissional, fortalecendo a responsabilidade social da Indústria bem como reduzindo desigualdades no mercado.
“Tivemos duas turmas para formar mulheres em tecnologia da geração de energia renovável, no início deste ano, bem como, encerramos maio com um processo seletivo em andamento para uma turma exclusiva para 27 mulheres, pretendendo formá-las para atuarem como eletricistas de redes e linhas”, exemplificou o Centro, na candidatura ao prêmio.
Entre maio de 2021 e maio de 2022, só em turmas de capacitação profissional contratadas por empresas do setor de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a unidade formou 121 alunas.
SAIBA MAIS
Ao menos cinco empresas brasileiras e transnacionais do setor de energia procuraram o CTGAS-ER desde 2021 em busca de soluções específicas de educação focadas no público feminino. A demanda principal é por formação de turmas exclusivas para mulheres ou turmas mistas em que elas sejam especialmente incentivadas a participar.
Projetos com outras empresas do setor, com propósitos parecidos, estão atualmente em negociação ou em curso. Um deles, com a Neoenergia Cosern, tem qualificado mulheres e homens para a profissão e, neste ano, deverá formar a primeira turma exclusivamente de eletricistas mulheres no estado.
O CTGAS-ER também está neste momento realizando um diagnóstico específico sobre a presença feminina nos cursos que realiza. A expectativa é que os resultados contribuam para a elaboração de estratégias do Centro e promovam igualdade de oportunidades para todas as pessoas – nesse caso específico, por meio do incentivo à participação de meninas e mulheres em cursos de qualificação, incluindo os de energia.
Uma série de estratégias para aumentar a igualdade de gênero em salas de aula e no emprego voltados à energia solar também estão em curso no Centro, parte delas em parceria com a Cooperação Técnica Alemã para o desenvolvimento sustentável, GIZ.
Outro passo inserido nesse contexto, é que, em maio deste ano, o SENAI-RN, por meio do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e do CTGAS-ER, formalizou à ONU o pedido de adesão ao Pacto Global de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção.
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