Pesquisadora do ISI-ER destaca trajetória até consolidação da planta piloto para produzir combustível sustentável de aviação

5/09/2023   17h02

O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) inaugurou, nesta terça-feira (5), o Laboratório de Hidrogênio e Combustíveis Avançados (H2CA), no Hub de Inovação Tecnológica (HIT), em Natal. A infraestrutura, instalada em parceria com a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ) é a primeira planta piloto do Brasil para produzir combustível sustentável de aviação (SAF, sigla em inglês para Sustainable Aviation Fuels).

 

Durante o evento de inauguração, Fabiola Correia, pesquisadora do Laboratório de Sustentabilidade e coordenadora do projeto de produção de SAF no ISI-ER, apontou a instalação do laboratório como a realização de um sonho conjunto. “Trabalhamos no projeto do laboratório há muito tempo e, hoje, ele se concretiza. É fruto de muito trabalho e de muitos sonhos desenvolvidos conjuntamente. É um dia muito feliz para o ISI-ER e para toda a equipe técnica”, declarou. Ela fez a apresentação do projeto de produção de combustíveis sustentáveis de aviação a partir da glicerina.

 

 

O projeto de produção de Combustível Sustentável de Aviação é executado por meio de parceria entre a GIZ e o SENAI-RN, que há aproximadamente 10 anos estuda rotas alternativas de produção de hidrogênio – aquelas que não geram emissão de carbono no processo industrial – assim como combustíveis sustentáveis. A iniciativa é realizada por meio do ISI-ER, com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e participação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sob coordenação da professora doutora de Química do Petróleo, Amanda Gondim, e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

 

Até o fim de 2023, estima a pesquisadora, a expectativa é ter a primeira amostra do combustível para buscar a certificação junto à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e apresentar o produto ao mercado. “Só após a certificação a etapa de comercialização é possível”.

 

“Hoje, o processo de produção de biodiesel tem, como subproduto, a glicerina. Podemos, com a produção de querosene de aviação sintético com esse subproduto, garantir uma agregação de valor, gerar um combustível sustentável e atender a uma demanda de um setor da indústria”, destaca Fabíola.

 

 

A coordenadora do projeto de SAF do ISI-ER também contou a trajetória dos estudos até a consolidação do novo equipamento. “O laboratório é fruto de uma história que começou ainda em 2004, quando iniciamos um projeto junto à Petrobras para estudar os processos de transformação do gás em líquido. No ano seguinte, começamos a estudar novas matérias primas, catalisadores e otimização de reações”, explica.

 

“Em 2008, começamos a estudar mais a fundo outros processos e tivemos o primeiro projeto de Ciclos Químicos, ainda pensando no gás natural. Já em 2014, instalamos nossa Unidade de Recirculação Química e passamos a desenvolver estudos fundamentais”, continua Fabíola.

 

Um momento fundamental para o projeto foi o mapeamento do ProQR, iniciativa do MCTI em parceria com a GIZ para promover combustíveis alternativos sem impactos climáticos. “A partir daí começamos a discutir e modelar propostas. O programa queria unir o processo químico de Fischer-Tropsch e a glicerina e encontraram justamente no nosso trabalho essa junção”, conta a pesquisadora do ISI-ER.

 

Fruto disso foi a elaboração de um estudo técnico robusto, em 2019, que trata de todas as possibilidades de utilização da glicerina até o combustível final — no caso, SAF. “Em seguida, começamos a debater de forma mais definitiva a construção do projeto entre o ISI-ER e a GIZ”, aponta Fabíola.

 

 

“Em dezembro de 2021, chegamos no escopo que atendia a todas as demandas e assinamos o projeto ‘Obtenção de bioquerosene sintetizados para aviação (SAK), através do processo Fischer-Tropsch, utilizando gás a partir da glicerina’ e, em 2022, passamos a executar o projeto e mostrar nosso trabalho em eventos como a H2Expo e o 2º Congresso da Rede Brasileira de QAV”, acrescenta.

 

Fabíola ainda destacou a importância do trabalho de cada integrante da equipe do ISI-ER que compõe o projeto de produção de SAF para o sucesso na conquista dos objetivos e metas estabelecidos. Participam do projeto os pesquisadores Fabiola Correia, Juan Ruiz (pesquisador líder do Laboratório de Sustentabilidade do ISI), Giovanny Silva de Oliveira, Daniel Silveira Lira, Tellys Lins Almeida, Ciro Lobo e os bolsistas Matheus Almeida, Marcia Fernanda Teixeira e Paula Fabiane Pinheiro.

 

 

Texto: Guilherme Arnaud
Fotos: Alex Régis/SENAI-RN
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