Os impactos gerados com a pandemia do novo coronavírus na indústria potiguar foram medidos em pesquisa realizada pelo Sistema FIERN, que mostra que 54% não pararam as atividades durante o período de pandemia. A ‘Sondagem FIERN sobre o Impacto da Covid-19’, lançada nesta segunda-feira (17), ouviu 141 indústrias instaladas em 28 municípios, no período de 4 a 12 de agosto deste ano. Esta é a segunda edição da pesquisa desde o início da pandemia e apresenta um panorama do setor com medidas adotadas no enfrentamento ao novo coronavírus. Mais de 30 setores industriais foram consultados.
A pesquisa apresenta dados sobre paralisação de atividades, dificuldades em obter suprimentos, desligamento de pessoal, adoção de protocolos de biossegurança, além de acesso ao crédito e avaliação do papel da FIERN e atuação dos governos durante a pandemia. E pode ser acessada na íntegra pela na plataforma MAIS RN 4.0, no link: https://datastudio.google.com/u/0/reporting/7c985e0b-a69d-493a-a99d-c50128c2a1a4/page/3atbB
O presidente do Sistema FIERN, Amaro Sales de Araújo, observa que a segunda Sondagem demonstra os reflexos e comportamento do setor frente à crise provocada pelo novo coronavírus com impactos na indústria potiguar. Na primeira pesquisa, realizada em abril no início do período de isolamento social e ameaça de fechamento de empresas e paralisação de atividades, ele lembra que a FIERN buscou avaliar junto aos empresários da indústria quais as principais medidas adotadas e preocupação em relação aos negócios gerada com o cenário de incertezas.
“Havia, na primeira sondagem, a expectativa de fechamento das empresas e de problemas como falta de matéria prima, fornecedor e de mão de obra. Nesta segunda, que repetimos 100 dias após, para verificarmos os reflexos de pandemia no setor industrial do RN, alguns dados surpreendem, como o não atendimento às necessidades das empresas por órgãos institucionais do governo. Os números também mostram que a FIERN buscou dar total apoio às empresas, o que se reflete nas respostas. E, sempre com o lema “fazer mais com menos”, fizemos com a nossa equipe de técnicos do setor de economia e de mercado as duas pesquisas. E também elaboramos o Plano de retomada Gradual da Economia”, afirma o presidente da FIERN.
Ele avalia ser importante ter uma avaliação do início da pandemia e, agora, outra com a retomada das atividades econômicas e antecipa que, num futuro próximo, quando encerrar a pandemia sanitária, será feita uma nova avaliação. “Esperamos que os resultados desta terceira sejam bem mais amenos”, completou.
Ainda em relação às atividades da indústria durante a pandemia, além de mostrar que 54% não pararam as atividades, a pesquisa aponta que 24% pararam mais de 50% das operações durante o período de pandemia, destes 40% responderam que pararam pela queda nas vendas, com destaque para os segmentos de Confecções, Água Mineral, Panificação e Movelaria em Natal, Mossoró e Parnamirim.
Na comparação com a primeira sondagem realizada pela FIERN, entre os dias 14 e 15 de abril, logo no início da pandemia, a pesquisa atual mostra que o percentual de empresas que não paralisaram as atividades cresceu de 47% para 54%, na segunda. Ou seja, mais empresas continuaram as operações – o que sugere que as empresas industriais do RN encontraram maneiras de lidar com a crise da pandemia para manter as atividades.
A sondagem aponta que 70% tiveram problemas com suprimento de fornecedores. E, em relação ao faturamento no período, 37% apresentaram queda de mais de 50% (destaque para Confecções, Marmoraria, Têxtil). Na primeira pesquisa, feita em abril com 139 indústrias, 78% relataram dificuldade com suprimentos. A comparação das duas sondagens revela o que pode ter sido o grande problema das empresas, nessa crise da pandemia.
“A pesquisa é uma das formas que o Sistema Indústria tem para permanecer em contato com as necessidades de seus clientes primordiais, que são os industriais do Rio Grande do Norte”, explica o coordenador do Mais RN, José Bezerra Marinho.
Mediante aos prejuízos, 66% não sabem quanto tempo a empresa vai levar para voltar ao patamar registrado antes da pandemia afetar o Rio Grande do Norte e 12% estimam um prazo de até 4 meses para esta recuperação; neste grupo, destaque para os segmentos de Panificação, Água Mineral, Marmoraria e Metalurgia no estado.
Entre os ajustes necessários à manutenção das atividades, houve o desligamento de funcionários além de medidas previstas pelas Medidas Provisórias 936 e 927. Do total, de empresas ouvidas 40% fizeram renegociação de contrato de trabalho e 50% informaram que não demitiram, enquanto 15% demitiram mais de 50% do quadro (Indústria de Móveis, Alimentos, Química e Gráfica, especialmente em Natal). Na contramão, 7% registraram aumento na contratação. O incremento foi verificado na indústria da Construção Civil, Coleta e Transporte de resíduos e de Produtos de limpeza.
A sondagem também analisou o cenário em relação ao acesso ao crédito: 55% não conseguiram apoio em banco, destes 50% tiveram simplesmente o pedido indeferido, sem mais explicações dos bancos; 40% não preencheram as exigências dos documentos e 10% tiveram problema com certidões. E 44% conseguiram apoio em banco (43% em banco privado; 20% na Caixa Econômica Federal; 18% BNB e 15% BB) com especial destaque para as indústrias da Construção Civil, Metal Mecânica, Água Mineral e alimentos em Natal, Macaíba, Parnamirim e São José do Mipibu.
Papel da FIERN e o Plano de retomada gradual da economia
Quando perguntados sobre o papel da FIERN, 30% consideram que o principal papel é em auxiliar as indústrias a se adaptar aos protocolos de saúde; 21% consideram que o principal papel é em auxiliar as indústrias a conhecer as medidas que os governos vêm adotando e 17% consideram que o principal papel é em auxiliar as indústrias no suporte jurídico.
Os dados indicam que 74% dos entrevistados têm conhecimento sobre o ‘Plano de Retomada Gradual da Economia’ elaborado pela FIERN em parceria com federações setoriais e adotado pelo governo do estado, e 64% sabem que o plano foi proposto pela federação das indústrias, em parceria com as outras federações empresariais.
O coordenador do Mais RN, o consultor José Bezerra Marinho, lembra que a primeira pesquisa norteou a elaboração do Plano de Retomada Gradual da Economia pela FIERN. “Agora, saindo do momento crítico da pandemia, a FIERN sentiu a necessidade de, novamente, escutar o setor para conhecer de que forma os industriais têm enfrentado todo esse período. A pesquisa mostra uma capacidade de resposta muito vigorosa que o empresário da indústria do RN teve nesse período. O industrial enfrentou de forma valente, como vemos nos números que a pesquisa mostra. A pesquisa nos indica o caminho daqui em diante”, afirma Marinho. A pesquisa ganhou um painel com tecnologia Power BI na plataforma do Mais RN 4.0.
Protocolos de biossegurança
A adoção de medidas de biopreventivas com protocolos rigorosos adotados em ambientes de trabalho para a continuidade das atividades na indústria do Rio Grande do Norte também consta da Sondagem. Sobre os protocolos de prevenção ao COVID-19, 41% não tiveram nenhum problema na adoção. Entre as principais medidas adotadas estão o uso obrigatório de máscara em todos os ambientes, disposição de álcool em gel, redistribuição de layout, banners e cartazes com informações. E 10% realizaram testagem dos funcionários.
Por outro lado, 20% consideraram muito complicado adotar as novas medidas (com destaque para Marmoraria, Confecções, Alimentos, Química em Natal, Parnamirim, Macaíba, Mossoró, Pedro Velho e São José de Mipibu).
Sobre o papel do governo no enfrentamento da pandemia, 70% consideram o Governo Federal como o principal agente, 17% consideram as prefeituras e 12% o Governo do Estado; 1% não respondeu.
Por Sara Vasconcelos, Unicom/FIERN
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