A Shell Brasil deu entrada em pedidos de licenciamento ambiental para geração de energia eólica offshore – no mar – em seis áreas, nos estados do Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Juntos, os projetos em desenvolvimento terão capacidade instalada de 17 Gigawatts (GW) e, segundo análise do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) – que está à frente de estudos do potencial offshore na costa brasileira – reforçam a atratividade do Brasil e de estados como o Rio Grande do Norte para investimentos no setor, bem como sinalizam um horizonte promissor para o avanço das energias renováveis na matriz elétrica brasileira.
O anúncio da empresa sobre os pedidos de licenciamento formalizados ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (IBAMA) foi realizado na sexta-feira (18). A Shell Brasil afirma que a iniciativa demonstra o compromisso que tem com o país e a materialização da estratégia “Impulsionando o Progresso”, centrada nas metas de descarbonização para a transição energética.
IMPACTO
De acordo com o ISI-ER, a capacidade prevista para os projetos da empresa é equivalente ao total instalado por países europeus em 2021 (17,4 GW) em parques eólicos, dos quais 14 GW, ou 81%, estavam em terra, e 3,4 GW no offshore, no mar.
No Brasil, o Rio Grande do Norte é líder em geração eólica onshore, em terra, com 6,43 GW distribuídos em 210 parques eólicos.
Só no ano passado, 1,5 GW foram liberados para operação comercial em território potiguar, 40,54% do total nacional e maior fatia entre os estados com sinal verde para operação das usinas. O número supera os registrados isoladamente por 12 países europeus, incluindo Reino Unido, com 328 Megawatts (MW), Turquia (1,4 GW), Holanda (952 MW), França (1,2 GW), Rússia (1,13 GW), Dinamarca (149 MW), Espanha (750 MW), Noruega (672 MW), Finlândia (671 MW), Polônia (660 MW), Ucrânia (359 MW) e Grécia (338 MW).
A potência potiguar liberada em 2021, aponta ainda análise do ISI-ER, é ultrapassada apenas por Suécia (2,1 GW) e Alemanha (1,9 GW).
OFFSHORE
No offshore, objeto de pesquisas do SENAI-RN há mais de 10 anos, o Rio Grande do Norte aparece como uma das zonas mais promissoras para os investimentos. Até janeiro, quando o Ibama atualizou pela última vez o mapa de projetos com processos de licenciamento ambiental abertos – e, portanto, quando ainda não incluía os projetos anunciados pela Shell – o estado respondia por 15,97% da potência total cadastrada no órgão por diferentes empreendedores. De forma global, a relação mostrava 80,40 GW para o país, distribuídos entre seis estados.
No comunicado divulgado sexta-feira, a Shell informou que “enquanto aguarda a definição do restante da regulamentação que guiará o desenvolvimento dos projetos no país, o envio do Formulário de Caracterização de Atividade (FCA) ao IBAMA é um primeiro passo para garantir o melhor estudo das áreas e o desenvolvimento sustentável e responsável dos investimentos necessários para o licenciamento”. Os estudos ambientais, segundo a companhia, começarão ainda em 2022.
“Com mais de 20 anos de atuação em energia eólica no mundo e mais de 50 anos de tradição em projetos offshore, a Shell pretende aliar sua expertise nestas duas frentes com o objetivo de fornecer mais energia e energia limpa para o país,” afirmou, em nota publicada no site, Gabriela Oliveira, gerente de Geração Renovável da Shell no Brasil.
SAIBA MAIS
Um estudo divulgado este ano pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) mostra que cada R$ 1,00 investido no setor eólico no Brasil representa um retorno de aproximadamente R$ 3 para a economia. O estudo estima que 196 mil empregos foram gerados na atividade entre 2011 e 2020, ou 10,7 empregos por Megawatt (MW) instalado na fase de construção dos parques e, em média, 0,6 empregos por MW instalado para Operação & Manutenção. A tendência apontada para o setor é de expansão considerando novos investimentos previstos em parques eólicos em terra e também nos parques offshore.
Uma análise da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estima que o setor offshore tem potencial de gerar quase o dobro de empregos temporários e aproximadamente cinco vezes mais empregos permanentes que os parques eólicos onshore, em terra.
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