As oportunidades de operação onshore (em terra) no Rio Grande do Norte serão ampliadas com o processo de venda de todos os ativos da Petrobras, anunciada no início da semana, e consequente entrada de novas operadoras independentes na Bacia Potiguar. As novas empresas contam com infraestrutura e centros de tecnologia, educação e pesquisa no Estado, como o SENAI, com serviços voltados a indústria de petróleo e gás, além de capacitação profissional considerados referência em todo o país. O processo de venda trata da cessão dos direitos de exploração, desenvolvimento e produção de óleo e gás natural do conjunto de 26 concessões de campos de produção terrestres e de águas rasas, com instalações integradas, localizadas na Bacia Potiguar.
O Rio Grande do Norte tem a maior produção onshore do Brasil. A produção terrestre que já chegou a atingir 117 mil barris/dia, nos últimos anos, declinou para 25 mil barris/dia. O setor já respondeu por 45% do PIB industrial, vem em queda desde 2010, com efeito direto na economia com a queda de produção e, consequentemente, de receita do estado.
O diretor regional do SENAI-RN, Emerson Batista, avalia que o processo de vendas de ativos da Petrobras pode resultar em retomada de crescimento para o setor onshore do Rio Grande do Norte. “São novas oportunidades de negócios e investimentos com as empresas de menor, que devem se empenhar ainda mais para as operações crescerem e dar um novo fôlego ao setor fazer a produção crescer, gerar renda e a arrecadação de ICMS para o estado. O petróleo continua no RN o que mudará é quem irá explorar”, observa o diretor.
O Sistema Indústria tem, por meio do SENAI, uma série de laboratórios instalados e em funcionamento para atender o setor de petróleo e gás, como os laboratórios de metrologia nas grandezas Temperatura, Pressão, Vazão de gás e Dimensional; e na área de educação, o SENAI oferece cursos de capacitação profissional em várias atividades desde perfuração, cimentação, operador de plataforma, entre outros ofertados na unidade de Mossoró. O SESI dispõe de serviços na área de Saúde e Segurança do Trabalho (SST).
“Temos expertise e excelência em serviços ofertados para o setor, as empresas que chegarem ao estado podem procurar a Casa da Indústria. O SENAI irá oferecer um portfólio de serviços e gerar a melhor ambiência possível para que o RN possa atrair novos investimentos e para que os já existentes aqui sejam fortalecidos”, disse diretor do CTGAS-ER Rodrigo Mello.
Ele destaca que o RN é o estado de maior produção – atual e histórica -, em terra, de petróleo no país e, por isso, foi quem mais sofreu os impactos com o desinvestimento da companhia “A Petrobras comunicou há algum tempo o desinteresse no onshore brasileiro, devido a dívida muito alta, bem como pela superioridade do offshore como área de produção. Do ponto de vista empresarial, quanto mais rápido a Petrobras sair do estado, melhor para a cadeia produtiva”, afirma.
Prova disso, acrescenta ele, que as áreas gerenciadas por novas empresas que ganharam a concessão de exploração de campos maduros aqui no estado apresentam crescimento de até 30%. Os resultados foram obtidos apenas como manutenção de bombas, limpeza de poços, sem investimentos em tecnologia e em engenharia de recuperação dos poços. “Isso aponta o rumo inequívoco em direção aos mais de 100.000 barris diários de produção”, disse.
Sobre a estrutura construída com ajuda da companhia e que diferencia o RN na área de educação, pesquisa e cultura, como as universidades e laboratórios em que a Petrobras participou da construção, Rodrigo Mello lembra que não será interrompido, uma vez que a empresa continua tendo compromissos financeiros compulsórios, de investir em PD&I, através de parte do faturamento bruto da companhia.
Outro fator relevante para a economia do estado a partir da entrada de empresas de menor porte se refere ao fortalecimento da rede de fornecedores locais. A cadeia de fornecedores da Petrobras é formada por grandes empresas do eixo Sul-Sudeste do país, fazendo com que parte das riquezas geradas no estado migrassem para outros polos econômicos, como Rio de Janeiro e Espírito Santo, onde a Petrobras tem sede.
“Com a atividade sendo gerenciada por novos empresários, há uma tendência dessa cadeia ser fortalecida em nosso estado e a moeda e os empregos circularem aqui, produzindo um ambiente muito mais rico que na época áurea do Petróleo, afirma Melo. “Além disso, todos os grandes contratos da Petrobras que hoje são licitados em nível Brasil, com aportes gigantescos e que chega ao estado apenas uma fatia, bem como a locação de equipamentos, serviços de engenharia, de advocacia, os empregos de alto nível, os prestadores de serviços, do alto ao baixo valor, chegavam no RN terceirizados ou quarteirizados. Agora, o contrato será feito de forma local”, avalia o diretor do CTGAS-ER.
Por Sara Vasconcelos, Unicom/FIERN
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