Missão técnica liderada pelo SENAI-RN volta da Alemanha com novas perspectivas para o hidrogênio verde

16/11/2022   15h18

Nunes (à esquerda): “Trata-se agora de combinar da melhor forma as diferentes abordagens do aproveitamento das energias renováveis para a produção, armazenamento e o transporte do hidrogênio verde”

 

“O Brasil vai desempenhar um papel estratégico no desenho energético mundial do futuro”, afirma Benilton Medeiros Nunes, coordenador, no SENAI do Rio Grande do Norte, do projeto ‘Educação Profissional e Superior para o Hidrogênio Verde’, desenvolvido no Brasil por meio de cooperação entre o SENAI Nacional e a Agência alemã GIZ.

 

A percepção foi uma das que reforçou durante missão técnica à Alemanha, realizada este mês, com foco em aplicações e educação profissional para hidrogênio verde. A viagem foi liderada pelo SENAI-RN e incluiu passagens por centros de pesquisa, outras instituições e experiências no transporte público que permitiram à delegação brasileira conhecer o estado da arte alemão relacionado à produção, armazenamento e usos do chamado “combustível do futuro”. 

 

A missão foi fruto de parceria firmada em abril deste ano entre o SENAI Nacional e a GIZ. O projeto ‘Educação Profissional e Superior para o Hidrogênio Verde’ tem coordenação técnica nacional do SENAI-RN, por meio do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), como centro de excelência no Brasil para o desenvolvimento de soluções que serão replicadas nos demais estados, e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).

 

Tropicalização das tecnologias 

“Vamos definir os focos e tropicalizar (adaptar para as condições brasileiras) as tecnologias desenvolvidas na Alemanha para transformar o Brasil em uma potência de energia renovável para o hidrogênio”, afirma Raniere Rodrigues, do ISI-ER e um dos coordenadores técnicos do projeto com foco em hidrogênio na área de educação. 

 

Um dos próximos passos, após a viagem, é, segundo ele, a elaboração de projetos pilotos para apresentação à ministra Thekla Walter do Meio Ambiente, Clima e Gestão de Energia, do Estado de Baden-Württemberg, que tem visita prevista ao Brasil em fevereiro do próximo ano. 

 

De acordo com Benilton Nunes ficou evidente que a Alemanha está buscando soluções urgentes para resolver a questão energética devido à guerra entre a Rússia e Ucrânia e a consequente incerteza de entrega de gás russo. A delegação brasileira viu o uso do hidrogênio verde em vários setores como, por exemplo, gasodutos de hidrogênio ou em soluções urbanas como bairros climaticamente neutros.  

 

“O caminho para o crescimento do hidrogênio verde tem que incluir transferências de tecnologias e suas aplicações no Brasil com o objetivo de engrandecer a indústria, método que já se provou eficiente na eólica 10 anos atrás”, diz Benilton Nunes. “O contexto do hidrogênio já está conhecido, trata-se agora de combinar da melhor forma as diferentes abordagens do aproveitamento das energias renováveis para a produção, armazenamento e o transporte do hidrogênio verde”, acrescenta. 

 

Roteiro da viagem incluiu passagens por centros de pesquisa, outras instituições e experiências no transporte público com foco no chamado “combustível do futuro”

 

Roteiro 

O roteiro da missão à Alemanha incluiu, entre outras instituições, o parque industrial Höchst em Frankfurt, com foco em energia e serviços de formação e educação continuada, o Instituto Federal de Formação Profissional em Bonn, que tem como objetivo a identificação e o desenvolvimento de novas soluções orientadas para a prática de treinamento vocacional e educação continuada, e a Universidade Técnica em Colônia, que combina ensino e pesquisa de forma interdisciplinar.  

 

Com foco em parcerias, a delegação do RN visitou ainda, entre os dias 7 e 9 de novembro, o Centro de Pesquisa em Energia Solar e Hidrogênio e o Ministério Estadual do Meio Ambiente, Clima e Gestão da Energia do estado de Baden-Württemberg, a Naturenergie Glemstal, que produz hidrogênio de alta pureza a partir de esterco, e os Stadtwerke Esslingen, que construíram e administram uma rede de distribuição de hidrogênio.

 

No decorrer das visitas, duas instituições se destacaram para o desenvolvimento de possíveis parcerias, informa Benilton Nunes. Uma delas é o Centro Aeroespacial Alemão, centro nacional de pesquisa nas áreas aeroespacial, energia e transporte, que quer testar suas aplicações em plantas piloto de grande escala no Brasil. A outra é o Centro de Pesquisa Jülich, que opera nos campos da energia, informação e bioeconomia com foco em supercomputadores, sendo uma das maiores instituições de pesquisa da Europa. 

 

De acordo com o instrutor de educação do CTGAS-ER e também coordenador técnico do projeto que está em desenvolvimento no Centro, Gefferson Almeida Moura, “a Alemanha é pioneira no uso de hidrogênio verde como fonte energética e aprendemos muito em ver como lidam com o tema na educação, além dos diferentes usos do hidrogênio como, por exemplo, em veículos e transportes públicos”. 

 

O SENAI está montando cursos para a formação de profissionais no campo da tecnologia do hidrogênio verde e conheceu na Alemanha a aplicação dos conceitos de educação profissional e universitária. 

 

Além da criação de um centro de excelência na área, no CTGAS-ER, no Rio Grande do Norte, a parceria entre o SENAI e a GIZ vai implementar cinco centros regionais de formação no Brasil com equipamentos de laboratório e materiais didáticos voltados ao hidrogênio verde, localizados nos estados do Ceará, Bahia, Paraná, São Paulo e Santa Catarina, com mais de R$ 13 milhões em investimentos. 

 

Do SENAI Nacional participaram da missão técnica à Alemanha Gustavo do Vale Dias Rosa, da Superintendência de Negócios Internacionais, e Sandro Portela Ormond, Especialista de Desenvolvimento Industrial. Também integraram a comitiva representantes dos SENAIs de todos os estados envolvidos na iniciativa.

 

Veja, na galeria a seguir, outras imagens da Missão à Alemanha:

 

 

 

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