“O Brasil vai desempenhar um papel estratégico no desenho energético mundial do futuro”, afirma Benilton Medeiros Nunes, coordenador, no SENAI do Rio Grande do Norte, do projeto ‘Educação Profissional e Superior para o Hidrogênio Verde’, desenvolvido no Brasil por meio de cooperação entre o SENAI Nacional e a Agência alemã GIZ.
A percepção foi uma das que reforçou durante missão técnica à Alemanha, realizada este mês, com foco em aplicações e educação profissional para hidrogênio verde. A viagem foi liderada pelo SENAI-RN e incluiu passagens por centros de pesquisa, outras instituições e experiências no transporte público que permitiram à delegação brasileira conhecer o estado da arte alemão relacionado à produção, armazenamento e usos do chamado “combustível do futuro”.
A missão foi fruto de parceria firmada em abril deste ano entre o SENAI Nacional e a GIZ. O projeto ‘Educação Profissional e Superior para o Hidrogênio Verde’ tem coordenação técnica nacional do SENAI-RN, por meio do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), como centro de excelência no Brasil para o desenvolvimento de soluções que serão replicadas nos demais estados, e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).
Tropicalização das tecnologias
“Vamos definir os focos e tropicalizar (adaptar para as condições brasileiras) as tecnologias desenvolvidas na Alemanha para transformar o Brasil em uma potência de energia renovável para o hidrogênio”, afirma Raniere Rodrigues, do ISI-ER e um dos coordenadores técnicos do projeto com foco em hidrogênio na área de educação.
Um dos próximos passos, após a viagem, é, segundo ele, a elaboração de projetos pilotos para apresentação à ministra Thekla Walter do Meio Ambiente, Clima e Gestão de Energia, do Estado de Baden-Württemberg, que tem visita prevista ao Brasil em fevereiro do próximo ano.
De acordo com Benilton Nunes ficou evidente que a Alemanha está buscando soluções urgentes para resolver a questão energética devido à guerra entre a Rússia e Ucrânia e a consequente incerteza de entrega de gás russo. A delegação brasileira viu o uso do hidrogênio verde em vários setores como, por exemplo, gasodutos de hidrogênio ou em soluções urbanas como bairros climaticamente neutros.
“O caminho para o crescimento do hidrogênio verde tem que incluir transferências de tecnologias e suas aplicações no Brasil com o objetivo de engrandecer a indústria, método que já se provou eficiente na eólica 10 anos atrás”, diz Benilton Nunes. “O contexto do hidrogênio já está conhecido, trata-se agora de combinar da melhor forma as diferentes abordagens do aproveitamento das energias renováveis para a produção, armazenamento e o transporte do hidrogênio verde”, acrescenta.
Roteiro
O roteiro da missão à Alemanha incluiu, entre outras instituições, o parque industrial Höchst em Frankfurt, com foco em energia e serviços de formação e educação continuada, o Instituto Federal de Formação Profissional em Bonn, que tem como objetivo a identificação e o desenvolvimento de novas soluções orientadas para a prática de treinamento vocacional e educação continuada, e a Universidade Técnica em Colônia, que combina ensino e pesquisa de forma interdisciplinar.
Com foco em parcerias, a delegação do RN visitou ainda, entre os dias 7 e 9 de novembro, o Centro de Pesquisa em Energia Solar e Hidrogênio e o Ministério Estadual do Meio Ambiente, Clima e Gestão da Energia do estado de Baden-Württemberg, a Naturenergie Glemstal, que produz hidrogênio de alta pureza a partir de esterco, e os Stadtwerke Esslingen, que construíram e administram uma rede de distribuição de hidrogênio.
No decorrer das visitas, duas instituições se destacaram para o desenvolvimento de possíveis parcerias, informa Benilton Nunes. Uma delas é o Centro Aeroespacial Alemão, centro nacional de pesquisa nas áreas aeroespacial, energia e transporte, que quer testar suas aplicações em plantas piloto de grande escala no Brasil. A outra é o Centro de Pesquisa Jülich, que opera nos campos da energia, informação e bioeconomia com foco em supercomputadores, sendo uma das maiores instituições de pesquisa da Europa.
De acordo com o instrutor de educação do CTGAS-ER e também coordenador técnico do projeto que está em desenvolvimento no Centro, Gefferson Almeida Moura, “a Alemanha é pioneira no uso de hidrogênio verde como fonte energética e aprendemos muito em ver como lidam com o tema na educação, além dos diferentes usos do hidrogênio como, por exemplo, em veículos e transportes públicos”.
O SENAI está montando cursos para a formação de profissionais no campo da tecnologia do hidrogênio verde e conheceu na Alemanha a aplicação dos conceitos de educação profissional e universitária.
Além da criação de um centro de excelência na área, no CTGAS-ER, no Rio Grande do Norte, a parceria entre o SENAI e a GIZ vai implementar cinco centros regionais de formação no Brasil com equipamentos de laboratório e materiais didáticos voltados ao hidrogênio verde, localizados nos estados do Ceará, Bahia, Paraná, São Paulo e Santa Catarina, com mais de R$ 13 milhões em investimentos.
Do SENAI Nacional participaram da missão técnica à Alemanha Gustavo do Vale Dias Rosa, da Superintendência de Negócios Internacionais, e Sandro Portela Ormond, Especialista de Desenvolvimento Industrial. Também integraram a comitiva representantes dos SENAIs de todos os estados envolvidos na iniciativa.
Veja, na galeria a seguir, outras imagens da Missão à Alemanha:
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