O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) embarca neste sábado (06) para a Espanha, onde vai discutir tecnologias de montagem e instalação de torres eólicas para parques offshore – no mar – do Brasil.
A missão tem como foco reuniões e visitas técnicas com a Esteyco, empresa espanhola de engenharia e arquitetura que atua desde 1996 na indústria de energia eólica e, desde 2010, com atividades voltadas também ao setor offshore.
O roteiro da viagem inclui desembarques na sede da Esteyco, em Madri, e na área onde foi instalado o protótipo de uma turbina para a tecnologia “ELISA”, desenvolvida e patenteada pela Esteyco.
A tecnologia é apresentada pela companhia como primeira turbina offshore fixada no leito marinho do sul da Europa, e primeira no mundo instalada sem a necessidade de navios de carga pesada.
Unidades do tipo são completamente montadas em terra, rebocadas até o destino, no mar, e instaladas com recursos considerados de baixo custo, como rebocadores, segundo a Esteyco.
“Esse é um processo que usa pouca infraestrutura flutuante para montagem das torres e que reduz a complexidade e o custo da instalação no mar. O nosso objetivo é conhecer a tecnologia a fundo e discutir uma possível parceria com a empresa para utilizá-la nos nossos experimentos no Brasil”, diz o diretor do SENAI do Rio Grande do Norte, do ISI-ER e da Faculdade de Energias Renováveis e Tecnologias Industriais do SENAI-RN (FAETI), Rodrigo Mello
“Nós vamos estudar em que seria preciso inovar para as condições de solo, mar, vento e retaguarda para o ambiente de montagem dos aerogeradores no Brasil, que obviamente não são iguais às da Europa. A ideia é oferecer respostas à indústria brasileira que está nascendo”, acrescenta.
De acordo com o executivo, a tecnologia espanhola é típica de região de baixo calado, ou seja, para uso em águas rasas – uma condição de mar semelhante à encontrada no Rio Grande do Norte. Uma das principais vantagens é que a logística envolvida dispensa a necessidade de grandes estruturas de navios, atualmente escassas no mundo e caras, com a alta demanda puxada pela implantação de complexos eólicos offshore na China, nos Estados Unidos e em países da Europa.
“Diante desse contexto, a solução que estamos buscando facilita a operação, otimiza recursos que o Rio Grande do Norte já trabalha – como líder em empresas de montagem de torres em terra no país – e minimiza o custo envolvido no mar”, analisa Rodrigo Mello.
“Não temos dúvida de que a tecnologia é muito aderente a nossa condição de produção e a ideia é fazer um intercâmbio tecnológico para os projetos que desenvolvemos no ISI. Certamente haverá caminhos a serem desenvolvidos para trazer a solução em definitivo para as condições locais de produção. Mas que inovação é oportuna? só saberemos ao final das tratativas e de futuros estudos”, complementa.
SOBRE O ISI-ER
O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) é a principal referência do SENAI no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) com foco em energia eólica, solar e sustentabilidade, incluindo novas tecnologias como o hidrogênio verde.
Faz parte da maior rede privada de institutos de pesquisa, desenvolvimento e inovação criada no Brasil para atender as demandas da indústria, composta por 26 Institutos SENAI de Inovação. A Rede tem como foco a pesquisa aplicada, o emprego do conhecimento de forma prática no desenvolvimento de novos produtos e soluções customizadas para as empresas ou de ideias que geram oportunidades de negócios. Desde que foi criada, em 2013, mais de R$ 1,2 bilhão foram mobilizados em projetos de PD&I.
O ISI-ER está em operação no Hub de Inovação e Tecnologia (HIT) do SENAI-RN, em Natal, desde 2018, e foi oficialmente inaugurado em junho de 2021, com a conclusão das instalações e a operação plena dos laboratórios.
Pesquisadores/as do Instituto foram pioneiros/as em estudos, com medições, sobre o offshore brasileiro e no desenvolvimento de projetos como o novo Atlas Eólico e Solar do Rio Grande do Norte. Também estão à frente de iniciativas como o mais abrangente mapeamento em desenvolvimento no Brasil para identificar o potencial de geração de energia eólica com turbinas implantadas no mar, em convênio com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), e de trabalhos como o desenvolvimento de SAF (combustível sustentável de aviação), em parceria com a Alemanha.
Texto: Renata Moura
Imagem: Reprodução do YouTube / Esteyco
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