O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) recebeu, nesta segunda-feira (12), representantes da Universidade de Sherbrooke, do Canadá, para a discussão de potenciais formas de cooperação entre as instituições em áreas como eletrocombustíveis – combustíveis sintéticos obtidos a partir do hidrogênio produzido por eletrólise, com monóxido de carbono (CO) ou dióxido de carbono capturado.

 

O ISI-ER tem sede em Natal, no Rio Grande do Norte, e é a principal referência do SENAI no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) com foco em energia eólica, solar e sustentabilidade, incluindo novas tecnologias como o hidrogênio verde.

 

A conexão com centros de pesquisa de outros países está alinhada ao Plano de Internacionalização do Instituto, que está em vigor desde março deste ano e pretende impulsionar o intercâmbio de pesquisadores, criar e expandir mercados para a instituição fora do Brasil.

 

Intercâmbios

A vice-diretora do Laboratório de Tecnologias da Biomassa da Universidade de Sherbrooke, Bruna Rego de Vasconcelos, também professora do Departamento de Engenharia Química e Biotecnologia da Universidade, apontou, durante a visita, a realização de intercâmbios e a troca de experiências com o ISI justamente entre os caminhos possíveis para futuras parcerias.

 

“O objetivo é estabelecer colaborações proveitosas para as duas partes, de forma que potenciais participantes possam aproveitar a infraestrutura e o conhecimento das duas instituições”, disse ela, acompanhada do estudante de doutorado em Engenharia Química, Fábio Gonçalves Macêdo de Medeiros, que atua no Laboratório de Tecnologia da Biomassa, desenvolvendo trabalhos em linhas como aproveitamento e conversão catalítica do CO2 –  o mais abundante gás do efeito estufa.

 

Pesquisa aplicada

O Laboratório de Tecnologia da Biomassa da Universidade de Sherbrooke, explicou a professora, está em operação há pouco mais de 10 anos em Quebec, no Canadá, e tem como objetivo dar suporte a indústrias locais com o desenvolvimento de tecnologias para a transição energética. “A pesquisa é literalmente para a indústria”, disse. 

 

 

Projetos realizados pela instituição envolvem, por exemplo, biogás, reforma de gás e biomassa. Energias renováveis também são utilizadas em processos de produção que envolvem combustíveis.

 

Rodrigo Mello, diretor do SENAI-RN e do ISI-ER, apontou convergências no trabalho das instituições. “O modelo de trabalho que nos foi apresentado, sempre muito próximo da indústria, com a participação de pelo menos uma indústria em cada um dos processos, é um modelo típico também do SENAI. Este é o nosso primeiro encontro e foi natural a convergência das instituições para trabalharmos juntos na troca de experiências e desenvolvimento de pessoas, assim como na possível colaboração tecnológica, desenvolvendo atividades de PD&I, seja para a indústria brasileira, seja para a indústria candense”, frisou.

 

O diretor observou que “o Canadá é um país extremamente preocupado com energia limpa e com a descarbonização da indústria, e que Quebec é uma província que já possui um ambiente extremamente limpo do ponto de vista energético, chegando inclusive a exportar energia, assim como o Nordeste do Brasil”. “E esta Universidade tem trabalhado firmemente com a produção de biocombustíveis, com hidrogênio e com o uso de energias renováveis para produzir combustíveis limpos, a exemplo do setor de sustentabilidade que temos no ISI”, acrescentou.

 

Junto com o pesquisador líder do Laboratório de Sustentabilidade do ISI-ER, Juan Ruiz, o diretor apresentou, durante a reunião desta segunda-feira, detalhes da infraestrutura e das principais linhas de pesquisa e frentes de atuação do ISI-ER.

 

Um dos projetos que o Instituto desenvolve, de produção de Combustível Sustentável de Aviação – por meio de parceria entre o SENAI e a Cooperação Técnica Alemã para o desenvolvimento sustentável GIZ, com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e participação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) –  tem como objetivo produzir um querosene sintético renovável, a partir da glicerina, capaz de reduzir as emissões de gases do efeito estufa no transporte aéreo brasileiro.

 

A glicerina, que é um co-produto do biodiesel e abundante no Brasil, será transformada em gás de síntese (monóxido de carbono e hidrogênio verde) e, após processos químicos e industriais, será transformada em combustível.