O combustível sustentável de aviação desenvolvido pelo Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) em parceria com a agência alemã GIZ tem a versatilidade para ser utilizado nas aeronaves atuais, sem necessidade de mudanças em motores e demais estruturas mecânicas. A informação foi destaque na apresentação da pesquisadora do ISI-ER Fabíola Correia, nesta terça-feira (6), no webinar “PtX & Fuels: Oportunidades do Hidrogênio Verde no Brasil”.

 

Fabíola coordena o projeto de produção de SAF em desenvolvimento no ISI-ER, em Natal, por meio de parceria entre o SENAI e a Cooperação Técnica Alemã para o desenvolvimento sustentável (na sigla alemã GIZ – Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit), com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e participação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, a pesquisadora também integra a Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Sustentáveis para Aviação (RBQAV).

 

 

“É um combustível drop-in, ou seja, tem a molécula exatamente igual à do petróleo, mas não tem o contaminante que tem no petróleo e a emissão de carbono proveniente disso. Então, é possível usar esse combustível em qualquer aeronave sem precisar alterar motores, estruturas de abastecimento ou infraestrutura de transporte e armazenamento”, afirma Fabíola.

 

No webinar, a pesquisadora apresentou os trabalhos desenvolvidos pelo ISI-ER voltadas para a produção de combustível sustentável de aviação (representados pela sigla SAF, do inglês Sustainable Aviation Fuel). A intenção é criar alternativas sustentáveis para os combustíveis fósseis, com foco na redução das emissões de carbono na atmosfera.

 

“As mudanças climáticas drásticas estão diretamente relacionadas ao efeito estufa, que não é ruim, mas quando em excesso é extremamente prejudicial e causa esse descontrole climático. Um dos principais fatores que desencadeiam o desequilíbrio no efeito estufa é a queima de combustíveis fósseis e uma solução para isso é justamente o combustível sustentável”, ela explica.

 

“Hoje, a aviação participa com pouco mais de 2% na emissão de carbono na atmosfera, com tendência de chegar a 10% em poucos anos. Por isso a indústria da aviação tem uma grande demanda por biocombustíveis que promovam a descarbonização do setor”, aponta a pesquisadora.

 

 

No entanto, ela comenta que ainda não há produção de SAF no Brasil. “É uma demanda muito nova, mas já temos pesquisas avançadas e estamos partindo para escalas piloto. Devemos concluir os estudos em dezembro e enviar o projeto para análise de certificação da ANP [Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis]. Com isso, podemos inclusive partir para a escala comercial”, conta.

 

“No entanto, para alcançar essa escala são necessários investimentos maiores, para montagem de unidades comerciais e produção do combustível em larga escala. Com a certificação e os incentivos, em menos de cinco anos conseguiríamos ter essa produção em escala comercial”, conclui Fabíola.

 

PtX & Fuels: Oportunidades do Hidrogênio Verde no Brasil

 

Com foco em apresentar projetos em andamento e oportunidades de desenvolvimento de projetos Power-to-X (PtX) e combustíveis sustentáveis, o webinar reuniu empresas e instituições que expuseram seus projetos na área em diferentes perspectivas. O evento foi realizado por meio do projeto H2Brasil – Expansão do Hidrogênio Verde, que integra a GIZ e o Ministério de Minas e Energia (MME), financiado pelo Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha.

 

Além de Fabíola Correia, que representou o ISI-ER e a RBQAV, também participaram representantes da GIZ Brasil, da Geo Biogas, da CIBiogás, da Atmosfair e da AHK (Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha).