Instituto Margem Equatorial tem largada oficial e inauguração prevista para a COP 30, no Brasil

27/08/2024   09h08

O Instituto Margem Equatorial (IMEQ), que será implantado pelo Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), teve a pedra fundamental lançada nesta segunda-feira (26), no Amapá, marcando o início da construção e novas perspectivas para o avanço de tecnologias ligadas à sustentabilidade. A inauguração, segundo o ISI, é prevista para 2025, por ocasião da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), a ser realizada em Belém (PA).

 

 

O investimento na infraestrutura será de R$ 14,3 milhões, com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e de emenda parlamentar do senador Davi Alcolumbre. As instalações serão erguidas em uma área cedida pela Eletrobras em Santana, Região Metropolitana da capital amapaense, Macapá.

 

 

Durante o evento, foi anunciado que uma das frentes principais de trabalho dos pesquisadores será o desenvolvimento de SAF (combustível sustentável de aviação) a partir do caroço do açaí. “Nós vamos resolver, com isso, um problema dramático do Amapá e da Amazônia, do ponto de vista ambiental”, disse o senador Davi Alcolumbre, um dos articuladores do projeto, ao descrever a importância do centro.

 

 

“Vamos montar uma planta semi industrial de beneficiamento e fazer querosene de aviação sustentável para o mundo todo voar, a partir de um resíduo que prejudica muito o meio ambiente e que vai virar riqueza para as pessoas”, analisou ele.

Alternativas 
Rodrigo Mello, diretor do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, explica que a produção de polpa do açaí é uma das principais atividades econômicas do Amapá e que o descarte do caroço no leito dos rios, como resultado do beneficiamento do fruto, tem dificultado o movimento das águas e gerado consequências como alagamentos.

 

 

A ideia com o projeto seria dar uma destinação adequada ao produto. “Nós já identificamos que o caroço é uma excelente fonte de carbono de origem biológica, com ótimas perspectivas de destinação para a área de combustíveis”, disse Mello.

 

 

“Dessa forma, nós buscamos agregar vários fatores importantes para a região. Primeiro, fortalecendo uma das principais atividades econômicas locais, que é a produção da polpa do açaí. Segundo, dando uma destinação adequada ao resíduo, gerando sustentabilidade para um produto que já é explorado, mas também gerando perspectiva de uma nova e moderna receita a partir de combustível avançado oriunda do caroço”, acrescenta.

 

 

Pesquisa em rede

O Instituto Margem Equatorial, segundo o executivo, deverá adotar um modelo de operação “multi institucional, agregando universidades, institutos de pesquisa, Institutos de Inovação do SENAI e empresas que tenham interesse no investimento e no resultado voltados à sociedade, a partir da riqueza amazônica”.

 

 

Antonio Medeiros, coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento do ISI-ER, apresentou o empreendimento como “centro avançado de tecnologia estratégica” considerando o posicionamento geográfico, a grande potencialidade que a Amazônia apresenta e a expectativa de que seja um ponto de conexão entre diversos pesquisadores do Brasil e do mundo para viabilizar o desenvolvimento não só do Amapá, mas de toda a região da Margem Equatorial brasileira.

 

“Como resultado esperado, a gente quer contribuir com uma transição energética justa, que garanta o desenvolvimento e a melhoria da vida”, frisou o pesquisador.

 

 

A lista de investimentos previstos inclui plantas-pilotos de hidrogênio e de bioprocesso para aproveitar o potencial da biomassa da Amazônia para a transformação em combustíveis do futuro. “Esses combustíveis”, destacou Medeiros, entregando a Alcolumbre uma amostra de SAF produzida a partir de glicerina, no ISI-ER, “já são realidade no Brasil”.

 

 

Também estão programadas unidades para produção de bio óleo e biogás, mas não só isso. “Vamos instalar o ambiente para o desenvolvimento de um programa educacional de alto nível, para que possamos pegar pessoas daqui e capacitar dentro da nova temática de inovação”, frisou o coordenador.

 

 

O IMEQ, de acordo com informações apresentadas por ele, tem como principais interesses “fazer geração sustentável, tratar dos efeitos da transição energética justa, dos desafios de infraestrutura que existem, da vulnerabilidade climática e do uso sustentável da biomassa da Amazônia, fazendo desenvolvimento e integração regional”. O lema, ressaltou Medeiros, será “conectando mentes brilhantes para iluminar o futuro”.

 

Desenvolvimento

O ex-senador e ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, reforçou que o Instituto Margem Equatorial posiciona o Amapá como capital nacional da Margem Equatorial e como ponto estratégico para trabalhos que visam o desenvolvimento de uma região inteira.

 

 

“A Margem Equatorial é um conceito geográfico, socioeconômico”, disse ele, que abarca diversas atividades e potenciais do Brasil, para além do Petróleo. “A importância desse Instituto é ampliar o conceito do que é Margem Equatorial, para que a gente trabalhe junto e essa região se desenvolva de forma sustentável”, acrescentou.

 

 

Para o senador Davi Alcolumbre, “a implantação do Instituto com vários atores envolvidos é mais uma demonstração de que somos um celeiro de oportunidades também para pesquisa, também para o conhecimento, para a diminuição das desigualdades e para melhorar a vida das pessoas que vivem na Amazônia, protegendo os biomas e defendendo a natureza”.

 

 

Também participaram do evento o diretor da Eletrobras Eletronorte, Antonio Pardauil; o superintendente de Negócios Internacionais do Senai Nacional e diretor do Senai-AP, Frederico Lamego, e a pesquisadora do ISI-ER,  Mariana Torres.

 

 

Texto: Renata Moura
Fotos: Divulgação ISI-ER
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