A gerente de ESG da AES Brasil, Andrea Santoro, destacou nesta quinta-feira (24), em Natal (RN), o crescimento socioeconômico alavancado por investimentos em geração de energia eólica e a contribuição do setor para o desenvolvimento sustentável. A importância de mais avanços para participação feminina na atividade, entretanto, foi frisada pela executiva.
“Eu pergunto, se metade da população é representada por mulheres, por que não temos metade da representatividade de mulheres no mercado de trabalho? por que não temos 50% de representatividade das mulheres na geração de energia? por que não temos 50% de representatividade na geração da energia renovável?”, disse Andrea, exibindo dados que dimensionam a questão: “As mulheres são apenas 32% da força de trabalho nas renováveis, internacionalmente”.
“Isso é algo para a gente pensar, refletir. O contexto nos últimos anos mudou bastante. A realidade mudou, mas ainda pode mudar muito mais”, pontuou ainda, defendendo um esforço coletivo, com instituições, empresas e sociedade engajadas para que haja mais avanços.
As análises foram parte da palestra “Diversidade e Inclusão no Setor Eólico”, dentro da programação do Sistema FIERN Experience, evento que prossegue até esta sexta-feira (25), no Hub de Inovação e Tecnologia do SENAI-RN, em Natal. (Clique aqui para saber mais: https://www.fiern.org.br/experience/). A apresentação abordou a inclusão e o empreendedorismo feminino como importantes alavancas de investimentos, além de resultados e projetos que mostram o que a AES Brasil tem feito nessa direção.
Formação
Uma das iniciativas destacadas foi a formação das primeiras especialistas em Manutenção e Operação de Parques Eólicos no Rio Grande do Norte, por meio de projeto desenvolvido e executado em parceria com o Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN. A formatura da turma foi oficialmente realizada ao final da palestra. “Hoje a gente tem um grupo de mais de 70 mulheres mostrando que é possível”, disse Andrea Santoro.
Rodrigo Porto, diretor de Recursos Humanos, Gestão e Serviços Compartilhados na AES Brasil, observou que três das alunas foram contratadas pela companhia e que a intenção é elevar esse número. “Nosso intuito é continuar com crescimento e aproveitando essa mão de obra. Vamos continuar alavancando o movimento com relação à diversidade na operação das nossas usinas eólicas”, disse ele à plateia, que incluía as 73 mulheres de 17 municípios do Rio Grande do Norte que concluíram o curso.
Usando capacetes cor de rosa, as primeiras mulheres especialistas do estado em operação e manutenção de parques eólicos ocuparam parte do auditório onde foi realizada a cerimônia.
Segundo as instituições envolvidas, o objetivo do projeto foi ampliar a disponibilidade de profissionais qualificadas para atender a demanda da atividade eólica, em curva de expansão no país.
Alunas concluintes do curso também participarão do processo de seleção para compor a equipe do Complexo Eólico Cajuína, que a AES Brasil está implantando na região do Sertão Central Cabugi, entre os municípios potiguares de Lajes, Angicos, Fernando Pedroza e Pedro Avelino. O Complexo será 100% operado por mulheres.
“A gente dobrou o nosso portfólio de geração de energia com foco em energia 100% renovável, tanto na parte eólica quanto na solar. O RN é um player muito importante para a gente e aqui a gente viu uma bela oportunidade de fazer a inserção de mulheres dentro da operação de parques eólicos. Agora, estamos no processo de avaliar as reais necessidades e temos certeza de que o número de aproveitamento vai subir”, complementou Porto, em entrevista à imprensa após a formatura.
Oportunidades
Rodrigo Mello, diretor regional do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), aponta a parceria com a AES Brasil como estratégica em um cenário de expansão da atividade no onshore e em que novas perspectivas se abrem no Brasil com o offshore. “É um tipo de ação que, sem dúvida, pavimenta caminhos para que horizontes com mais oportunidades de empregos de qualidade e com melhor remuneração sejam alcançados”, disse o executivo.
“Em fevereiro, quando a especialização foi lançada”, lembrou ele, “falávamos de sonhos e desafios”. “Hoje, com a finalização desse curso, vocês estão qualificadas para assumir o posto de operação e manutenção de parques eólicos. Sejam bem-vindas ao setor de energia. É um orgulho para o SENAI colocar vocês em nosso currículo”, frisou.
O diretor chamou a atenção ainda para avanços que a educação profissional tem experimentado em direção à diversidade. “Este Centro (o CTGAS-ER, do SENAI-RN), existe há 21 anos para trabalhar a construção de talentos voltados a atividades ditas ‘pesadas’. Aqui são ‘produzidos’ grandes soldadores, mecânicos de refrigeração, mecânicos de manutenção, eletricistas residenciais, industriais, profissionais para automação e para várias outras ocupações industriais onde dez anos atrás você não encontrava uma única mulher. Hoje é pouco provável que isso aconteça”, ressaltou.
Em discurso durante o evento, Sheila Pereira, uma das concluintes da especialização, citou o curso como “oportunidade e importante etapa da vida”. O projeto, disse ela, “significa uma visão de futuro assim como são as energias renováveis”. “Aprendemos no curso que as energias renováveis impulsionam o desenvolvimento, e mais do que isso, que promovem em cada uma de nós, em nossos corações, a energia suficiente para seguir adiante”.
SAIBA MAIS – Especialização Técnica em Manutenção e Operação de Parques Eólicos exclusiva para mulheres
Concluída em agosto, a Especialização Técnica em Manutenção e Operação de Parques Eólicos exclusiva para mulheres teve 460 horas – o equivalente a aproximadamente seis meses – e foi oferecida de forma gratuita, com aulas online (ao vivo) e um encontro presencial.
O Programa de Capacitação está alinhado às estratégias da AES Brasil e do SENAI-RN com foco nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em prol de avanços em áreas como oferta de educação de qualidade, redução das desigualdades e igualdade de gênero. Também está inserido em esforços relacionados ao Pacto Global de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem as duas instituições como signatárias.
“A gente traz, com esse projeto, uma conexão com o que temos trabalhado firmemente, o intensificar ações voltadas para a inserção das mulheres nas profissões tecnológicas”, frisa Amora Vieira, diretora do CTGAS-ER, o centro do SENAI à frente da iniciativa.
“Essa formação abre importantes perspectivas para as mulheres que estão se formando. Todas são originárias de uma formação técnica e agora com especialização há um sentimento de que potencializam o currículo, a formação, para ingressar em carreiras dentro de empresas da área de energia. Abrem-se essa perspectiva para elas enquanto alunas olhando o futuro e possibilidades a partir dessa formação. Para a sociedade, o projeto ratifica e afirma que o SENAI tem atuado na formação de mulheres para a área tecnológica”, acrescenta.
A Especialização contou com a participação de mulheres com formação inicial em eletrotécnica, mecânica e segurança do trabalho. O processo seletivo recebeu aproximadamente 600 currículos e, devido ao alto nível das candidatas, o número de vagas, que seria originalmente 60, acabou ampliado.
As participantes têm entre 19 e 57 anos e são oriundas de 17 municípios do Rio Grande do Norte, incluindo Natal, Parnamirim, Mossoró, São Gonçalo do Amarante, Lajes, Macaíba, Angicos, Assu, Caicó, Canguaretama, Ceará-Mirim, Cerro Corá, Extremoz, João Câmara, Nísia Floresta, Patu e Serra do Mel.
Noções de Projetos de Redes de Distribuição, Montagem e Manutenção de Rede de Distribuição, Operação de Equipamentos e Dispositivos de Redes de Distribuição, Subestações, Desenvolvimento de Pessoas, Indústria 4.0, Máquinas elétricas, Fundamentos e Aplicações da energia eólica, Planejamento e controle da manutenção e Segurança do trabalho estão entre as disciplinas cursadas.
Texto: Renata Moura
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