A energia solar fotovoltaica assumiu o posto de terceira maior fonte da matriz elétrica brasileira, após ultrapassar as termelétricas de gás natural e a biomassa, alcançando a geração de 16,4 Gigawatts (GW).
O valor representa mais que o dobro do registrado até 2020 (8 GW), um crescimento de aproximadamente 20% em comparação ao total acumulado até o final de 2021 (13,72 GW) – e o cenário favorável à continuidade da expansão da fonte traz novas perspectivas para a qualificação profissional e o emprego.
A análise foi divulgada nesta quarta-feira (20) pelo diretor do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e do departamento regional do SENAI-RN, Rodrigo Mello, a partir de dados publicados pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).
O CTGAS-ER e o ISI-ER são as principais referências do SENAI no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação e educação profissional com foco em energia eólica, solar e sustentabilidade, incluindo novas tecnologias como o hidrogênio verde.
Segundo o diretor, a evolução da atividade solar fotovoltaica representa o espalhamento de avanços que vão além da sustentabilidade.
“Esses números levam a fonte solar ao TOP três da matriz elétrica nacional, atrás da energia hídrica e da energia eólica, nesta ordem, fortalecendo a lógica de que a nossa matriz fica cada vez mais limpa, em um momento em que a sociedade busca fontes energéticas que não poluem, que não emitem gases do efeito estufa”, diz ele.
“Ao mesmo tempo, entretanto, estamos falando de um avanço que representa uma grande distribuição de investimentos, o fortalecimento especialmente de pequenos negócios no Brasil e no Rio Grande do Norte, além de impulso à qualificação profissional e à geração de empregos”, acrescenta, apontando tendência de mais crescimento.
Apenas no CTGAS-ER, lembra o diretor do SENAI, mais de 1000 profissionais de diversos estados do Brasil foram formados/as em cursos na área de energia solar desde o ano 2017. O Centro, sediado em Natal, também desenvolveu um programa de certificação profissional específico para o setor, em parceria com a Câmara de Indústria e Comércio de Trier, da Alemanha, e, neste ano, lançou a primeira Especialização Técnica do Rio Grande do Norte em Sistemas Fotovoltaicos, os sistemas que geram energia solar.
EMPREGOS
Mello projeta expansão nos números da qualificação e na geração de empregos. “Essa é uma fonte de energia em que o emprego está distribuído em todas as regiões do Brasil e no Rio Grande do Norte não é diferente. Ela está presente em todos os municípios do estado e atividades como a instalação de sistemas fotovoltaicos, que já têm ocupado muita gente, certamente precisarão de muito mais profissionais para atender as necessidades do mercado”, disse.
Profissionais na área da instalação representam mais da metade da força de trabalho empregada no setor no Rio Grande do Norte. O estado responde por 10,96% da geração distribuída da região Nordeste – frente do setor que engloba sistemas de geração de energia para residências e estabelecimentos comerciais e industriais de micro, pequeno e médio portes – e com relação à geração centralizada, que inclui projetos acima de 5 Megawatts (MW), como usinas de grande porte, está entre os cinco estados brasileiros com maior potência.
Este ano, segundo projeções iniciais da Associação Potiguar de Energias Renováveis (APER), cerca de 4.500 empregos diretos são esperados somente na energia solar distribuída no estado e 70% das vagas devem ser abertas para ocupações que envolvem a instalação dos sistemas.
“Esse é um emprego gerado em empresas locais, caracteristicamente micro e pequenas empresas, o que fortalece a economia”, acrescentou ainda o diretor do SENAI.
INVESTIMENTOS
Os dados da ABSOLAR mostram que, dos 16,4 GW que a fonte solar fotovoltaica totaliza atualmente no país, 14,66%, ou 2,4 GW estão no Nordeste do Brasil. Desde 2012, a atividade impulsionou mais de R$ 81 bilhões em novos investimentos no país – e essa cifra tende ao crescimento.
Em análises da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) sobre o potencial do Brasil para produzir hidrogênio verde, a energia solar fotovoltaica é apontada, junto com a energia eólica offshore – a que será gerada em futuros parques eólicos no mar – como uma das grandes forças que o país detém hoje. A indústria do chamado hidrogênio verde, produzido a partir de fontes renováveis e possível meio de armazenamento de energias limpas para exportação, está em processo de estruturação nacionalmente, e à espera de regulamentação.
Segundo avaliação de Rodrigo Mello, a conjuntura favorável a investimentos em sustentabilidade e o nascimento da indústria do hidrogênio verde no país, aliados à demanda da população – ávida por tecnologias que possibilitem reduzir a conta de energia – sugerem que a aceleração da atividade fotovoltaica vai continuar no longo prazo.
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