O Brasil tem muito a avançar na formação de pessoas para a “indústria verde” e precisa intensificar ações em parceria, para fazer frente à demanda por esses profissionais e reduzir desigualdades no mercado.
A análise, da diretora do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, Amora Vieira, foi parte de discussões realizadas, em Brasília, no evento que marcou o encerramento da fase 1 e o lançamento da fase 2 do “Profissionais do Futuro” – projeto realizado nacionalmente pelo Ministério da Educação (MEC) em conjunto com a GIZ, agência pública de cooperação internacional da Alemanha.
Na primeira edição, o Centro do SENAI sediou atividades realizadas de forma piloto no país, por meio da iniciativa, para impulsionar a participação de meninas e mulheres em formações voltadas às energias renováveis, onde ainda representam minoria nas salas de aula. Clique aqui para saber mais.
O painel “Transição energética e justa: competências em energias renováveis”, que fomentou o debate sobre o tema, integrou a programação da 4ª edição da Semana Nacional da Educação Profissional e Tecnológica, do MEC, com um balanço dos resultados alcançados até agora pelo projeto e possibilidades enxergadas no horizonte.
Além de Vieira, participaram da discussão representantes de outras instituições que participaram da fase 1, incluindo o SENAI São Paulo, o SENAI Ceará, a Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) e os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), do Tocantins (IFTO) e da Bahia (IFBA). A moderação ficou com Roberta Knopki e Marcelo Ramos, da GIZ.
Estratégia
“O SENAI-RN foi convidado para apresentar a estratégia que tem usado para atrair pessoas mais vulneráveis para projetos de educação”, disse a diretora do CTGAS-ER. “Compartilhamos nossa experiência com foco nas mulheres e em comunidades indígenas, concretizadas em parceria com indústrias do setor de energia, além de iniciativas como o Mulheres de Energia e o Meninas em Ação, que fizemos no âmbito do Profissionais do Futuro, junto com a GIZ, e outras para desenvolver competências voltadas à economia verde”, acrescentou.
A trilha percorrida com essa perspectiva inclui, na descrição dela, a realização de diagnósticos para entender a necessidade da indústria envolvida, o perfil da comunidade local e o desenvolvimento e a implementação de soluções de acordo com cada demanda.
“Nós também estamos com o olhar voltado para crianças e adolescentes, apresentando produtos voltados à educação e conscientização desse público, como a história em quadrinhos “Superliga contra Nuvens de Gás”, que criamos, e mostrando que estamos de portas abertas para visitas aos laboratórios, para participação das nossas tecnologias e equipes em feiras de ciências das escolas, ou seja, atuando também na base, para despertar caminhos e possibilidades para a formação dessas pessoas no futuro”, observa Vieira.
O painel abordou questões que envolvem desde o impacto de capacitações promovidas pelo Profissionais do Futuro, até a importância de as empresas se envolverem nesses processos e as ações desenvolvidas para a inclusão de mulheres e vulneráveis nos cursos.
Foram discutidos, também, outros desafios no mercado, como escassez de mão de obra e dificuldades de mobilização de pessoas para trabalhar. Relatos apontaram no evento que, em algumas ocupações, a disponibilidade de pessoal preocupa.
“Ou a empresa não encontra com a formação que precisa ou as pessoas já estão trabalhando”, disse a diretora do CTGAS-ER. “E aí, como as instituições podem atuar para potencializar a formação? como podem colaborar para reverter esse cenário? Esse foi o grande destaque em termos de reflexão. Existem ainda muitos passos a serem dados na formação de pessoas para a indústria”.
SAIBA MAIS – PROFISSIONAIS DO FUTURO
O Profissionais do Futuro é um projeto de cooperação técnica implementado por meio de parceria entre o MEC e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, com o apoio do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha.
De acordo com informações do Ministério da Educação, entre 2021 e 2024, a iniciativa contribuiu para o aumento da oferta de cursos voltados aos setores da economia verde, com atenção especial à inclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade e mulheres.
Os diversos cursos formaram 18.798 pessoas, além de capacitar 1.180 professores. Mais de 70 currículos foram elaborados ou atualizados nas áreas de energias renováveis, eficiência energética, bioeconomia e economia circular.
A iniciativa também focou a inserção de mulheres em ocupações verdes, com o engajamento de empresas, escolas, associações e organizações da sociedade civil.
A segunda fase do projeto será realizada de 2025 a 2028. O objetivo central segue sendo promover a educação profissional e tecnológica, mas, a expectativa é ampliar a empregabilidade nos setores verdes.
Texto: Renata Moura, com informações do governo federal
Fotos: Divulgação
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