O Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, deu largada oficialmente nesta quarta-feira (15) às negociações com vistas à repactuação do acordo de cooperação internacional que mantém desde 2018 com a Alemanha, por meio da Câmara de Indústria e Comércio da cidade de Trier (EIC Trier).

 

O acordo de cooperação atual executado com participação do SENAI-RN e do Centro deu origem ao chamado “Projeto Verena”, que terá vigência até 12 de dezembro e que, nos últimos três anos, possibilitou o desenvolvimento de uma série de ações voltadas ao fortalecimento da educação profissional e do setor de energias renováveis no Rio Grande do Norte e no Brasil, incluindo a criação e o aperfeiçoamento de cursos profissionalizantes em energia eólica e solar – dois setores em que, segundo a Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena), os alemães são líderes na Europa.

 

A possibilidade de continuação da parceria foi discutida nesta quarta no encerramento dos encontros de avaliação do Projeto Verena, que durante dois dias reuniu, por meio de videoconferência, representantes brasileiros e alemães das instituições envolvidas, além de consultores que produzirão um relatório das ações para o governo alemão.

 

Futuro

Rodrigo Mello, diretor do CTGAS-ER e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), disse que a expectativa é continuar trilhando conjuntamente com a EIC Trier em projetos ligados às energias renováveis e à área de mobilidade elétrica – em que a Alemanha também é líder entre os países europeus.

 

“Nós estamos trabalhando num momento de fortalecimento e repactuação da parceria, da cooperação internacional. Sugerimos a construção de uma nova etapa, seja para ampliar o escopo do projeto que já temos ou para construir um projeto novo que mantenha o relacionamento entre o SENAI do Rio Grande do Norte e a EIC Trier, buscando o crescimento profissional e tecnológico das duas instituições”, disse Mello.

 

“O Projeto Verena fez a diferença para a condição em que estamos atualmente – de principal referência do SENAI no Brasil para educação profissional e soluções voltadas às energias renováveis – e tenho certeza de que poderá fazer muito mais”, frisou ainda.

 

Albrecht Ansohn, avaliador externo do Projeto para o governo da Alemanha, disse na videoconferência que expectativas de linhas de atuação apresentadas pelo CTGAS-ER são enquadráveis na cooperação entre os países e serão levadas para a pauta de discussões com a Embaixada da Alemanha no Brasil e a GIZ, empresa do governo alemão que executa projetos de cooperação técnica focados em desenvolvimento sustentável. Ainda não há prazo para definição sobre os rumos da parceria, mas a análise do acordo atual se mostra positiva. “Discutimos avanços concretos e resultados nos últimos dois dias”, disse o alemão.

 

Avaliação

O ciclo de avaliações 2021 do Projeto começou terça-feira (14), envolvendo balanço de atividades e análises das ações desenvolvidas nos últimos três anos. A avaliação é como uma auditoria do governo alemão sobre os resultados, alcançados com transferência de tecnologias, experiências educacionais e também de recursos públicos do país europeu para investimentos em infraestrutura de ensino profissionalizante.

 

A programação no primeiro dia contou com a apresentação de resultados na área de educação profissional na área de energias renováveis e de relacionamento do CTGAS-ER com o mercado, a partir da parceria, além de uma exposição sobre a investida conjunta mais recente do projeto: o início do desenvolvimento do primeiro carro elétrico produzido no Rio Grande do Norte, um buggy, em colaboração com a indústria potiguar de veículos Selvagem, com o ISI-ER e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

 

 

Nesta quarta, último dia do encontro, o foco foi um raio-x de ações como a criação, por meio do Projeto, da Coere – Comissão Temática de Energias Renováveis, da FIERN, que reúne 24 instituições locais e nacionais em um fórum de discussões, acompanhamento e proposições sobre a atividade no país. Coube ao presidente da Comissão, Sérgio Freire, detalhar aos alemães os trabalhos desenvolvidos até agora. Na pauta da Coere, explicou ele, estão temas como educação, infraestrutura e logística, questões ambientais, financiamento, mercado, inovação, tecnologia, aspectos regulatórios e políticas públicas, inseridas no que chama de “Agenda Mínima” – cujo objetivo é transformar discussões nessas áreas em ações e projetos efetivos para o desenvolvimento do mercado potiguar.

 

De acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), o estado é o maior produtor nacional de energia eólica e detém o maior volume de investimentos previstos. No campo da energia solar, ocupa a 16ª posição, segundo a ABSOLAR.

 

Impulso

Ações do Projeto Verena foram apontadas durante os encontros de avaliação nesta semana como “chaves” para ajudar a impulsionar a expansão dos dois segmentos.

 

Amora Vieira, coordenadora do Projeto pelo SENAI-RN, destacou que o Projeto resultou na criação ou aperfeiçoamento de 6 cursos profissionalizantes voltados aos setores de energia eólica e solar fotovoltaica – com perspectivas de exportação da metodologia para outros estados – além de ter aberto caminho para outras soluções de educação profissional, como a criação primeira unidade móvel do Brasil para treinamentos em trabalho em altura. Essa Unidade deverá permitir levar para dentro dos parques eólicos, a bordo de um caminhão, uma estrutura completa para realização de treinamentos, antes só disponível em Natal.

 

O desenvolvimento de um modelo de certificação profissional baseado no sistema alemão – focado inicialmente em instaladores de sistemas fotovoltaicos – foi outro fruto da parceria, detalhado nesta quarta-feira. A programação contou ainda com uma apresentação da gerente da Unidade de Desenvolvimento Setorial do SEBRAE-RN, Lorena Roosevelt, sobre o projeto RN Solar – uma das parcerias com o SENAI-RN que nasceram dentro do Projeto Verena. O objetivo, segundo ela, é contribuir para a dinamização das energias renováveis por meio de apoio aos pequenos negócios.

 

“Eu diria que nós inovamos na forma de fazer, de trazer esse modelo alemão para o Brasil e de tropicalizá-lo, ou seja, de adaptá-lo a nossa realidade”, analisou Rodrigo Mello no encerramento. Mas agora temos uma próxima etapa, em que a gente não parte do zero, em que temos um legado construído de aprendizado e de modelo de fazer as coisas extremamente rico e que eu posso chamar de modelo absoluto de sucesso”.

 

Também participaram da videoconferência de encerramento da avaliação do Projeto Ute Reckers, coordenadora de projetos pela Sequa, instituição que representa entidades empresariais junto ao governo da Alemanha, Matthias Fuchs, coordenador do projeto pela EIC Trier, Andreas Dohle, coordenador do projeto no Brasil, Christian Reuter, do Departamento de Formação da EIC Trier, entre outros convidados.