O Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, e o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) participam, em São Paulo, do Encontro Técnico de Medição de Vazão 2024. A programação começou ontem e segue até esta quinta-feira (21) com palestras e discussões que abrangem desde a indústria do gás até o setor de energias renováveis (clique aqui para ver).
O evento é promovido pela Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM), em conjunto com o GT-Vazão – Grupo Técnico de Vazão da instituição – e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que também sedia o Encontro.
Temas relacionados a petróleo e gás, saneamento, acreditação de laboratórios, aprovação de modelos, anemometria para energia eólica, Metrologia 4.0 e capacitação de profissionais estão em debate.
Ricardo Risuenho, responsável técnico do Laboratório de Medição de Vazão de Gás do CTGAS-ER, Rafael Ichihara, instrutor de educação e tecnologias do Centro, e Leonardo Oliveira, instrutor de tecnologias e supervisor do Túnel de Vento do ISI-ER – único do Brasil dedicado a calibrações do setor de energia eólica – participam.
Medição de vazão
A medição de vazão é definida, de forma mais simples, como a rapidez de escoamento de um volume ou massa. O objetivo é precisar a quantidade de líquidos, gases ou sólidos que passam por um determinado local, durante um intervalo de tempo.
“De forma geral, os medidores de vazão têm como requisito obrigatório a calibração periódica, ou seja, o processo de comparação de um instrumento ou sistema de medição com um padrão estabelecido como referência, para avaliar o desempenho obtido e garantir o funcionamento seguro e de acordo com as normas vigentes”, explica Kathya Canella, coordenadora de Serviços Especializados em Tecnologia e Inovação (STI) do CTGAS-ER.
Esse tipo de medição é utilizado por empresas de diferentes segmentos. “E influencia diretamente no gerenciamento de recursos, em controle de processos, planejamento de novas aplicações, gerenciamento de distribuição, detecção de vazamentos, controle financeiro e questões ambientais, direta ou indiretamente”, acrescenta ela.
“Através da medição de vazão, há uma melhor gestão da produção, consequentemente maior eficiência e controle contra perdas”.
Encontro
Nesta quinta-feira, um dos painéis que compõem o Encontro Técnico da área terá a participação de Ricardo Risuenho, que além de responsável técnico no laboratório do CTGAS-ER, é subcoordenador de programas interlaboratoriais do GTVazão – grupo nacional que reúne fabricantes, especialistas, auditores, distribuidoras e agências reguladoras em áreas como gás, petróleo, anemometria e água. Questões relacionadas a “ensaios de proficiência” na área de vazão e velocidade de fluidos serão abordadas por ele.
O objetivo desse tipo de ensaio, explica, é avaliar a conformidade dos laboratórios – ou seja, se os serviços de medição estão sendo realizados de forma precisa, considerando a margem de erro aceitável de acordo com normas em vigor.
“Uma das formas mais utilizadas no Brasil para ensaiar a proficiência são os programas de comparação interlaboratorial, que coordeno. Então vou falar da experiência, dos desafios , das dificuldades e do sucesso que já alcançamos”, diz Risuenho.
Leonardo Oliveira, por sua vez, fará parte do painel “Ações para a harmonização das medidas e aprimoramento da confiabilidade da anemometria no Brasil”. A calibração de anemômetros de copos – instrumentos que medem a velocidade dos ventos para a atividade eólica – é um dos serviços prestados pelo Túnel de Vento do ISI-ER.
“O painel vai tratar de uma possível padronização dos procedimentos de calibração de anemômetros para o país. Hoje essa padronização não existe. E a relevância disso seria uma maior confiabilidade no serviço de calibração, uma vez que padronizado, a qualidade de resultados seria a mesma, não importando o laboratório”, diz Oliveira.
O assunto será discutido durante o painel e também em uma mesa redonda liderada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO). “Eu vou apresentar o ISI e o nosso laboratório de calibração de anemômetros. Vou mostrar que atendemos o Nordeste, como a calibração de anemômetros pode atender ao setor eólico, e as vantagens da padronização dos procedimentos no Brasil”, acrescenta.
Serviços do SENAI-RN na área beneficiam centenas de empresas
Só em 2023 os serviços de tecnologia e inovação do SENAI-RN somaram aproximadamente 2 mil atendimentos, para mais de 400 empresas. O total de serviços metrológicos, entre ensaios e calibração, superou a marca de 185 mil, ao longo do ano, de acordo com balanço apresentado ao Conselho Regional da instituição, em fevereiro.
“De uma forma geral, o SENAI, através do CTGAS-ER e do ISI-ER, traz como principal valor a nossa participação não somente no evento, mas nas ações ou nos serviços que a gente executa, seja ele um serviço de ensaio ou de calibração, ou como provedor de um ensaio de proficiência ou programa interlaboratorial. Quando a gente faz isso a gente contribui com a melhoria da infraestrutura da qualidade em Metrologia a nível do país”, diz Kathya Canella, coordenadora de Serviços Especializados em Tecnologia e Inovação (STI) do CTGAS-ER.
O Encontro Técnico de Medição de Vazão, na descrição dela, reúne os principais atores dessa cadeia e possibilita uma grande troca de experiências. “São pesquisadores, fabricantes, autarquias (INMETRO), companhias/industriais usuários, técnicos, signatários dos laboratórios, ou seja, são pessoas que foram avaliadas e que em seus laboratórios produzem os resultados das calibrações ou dos ensaios sobre esses instrumentos e trazem para a sociedade uma garantia de que o que está sendo medido é o que será cobrado, porque é o justo”, diz ela.
“A importância de a gente estar sempre participando de eventos desse porte é a troca de experiências, a validação das experiências de cada um e, isso, reforçando a base da Metrologia científica e legal do Brasil”.
SAIBA MAIS – Um trabalho “sobre medidas”
Kathya Canella observa que “a medição de vazão acompanha desde medidas básicas até as mais complexas”. “Na prática, a gente executa uma atividade que dá garantia, que traz valor agregado ao negócio, seja a cadeia de gás, de energia, de água/esgoto, de bens de consumo. Quando a gente calibra instrumentos, a gente está assegurando, dando confiabilidade às medições que o medidor em análise oferece”, explica.
São exemplos de objetos de trabalho do setor desde um simples medidor de energia, em casa, que serve como base para a cobrança que o consumidor vai receber no final do mês, até medidores de vazão de gás, que vão garantir que os volumes consumidos, produzidos e entregues são compatíveis com os contratados e cobrados aos usuários.
“Então, de forma geral, o que a gente traz como valor é que a gente está dentro de uma área que é uma ferramenta, um instrumento para garantir a confiabilidade sobre essas medições. E essas medições têm como valor agregado diretamente o caixa das empresas ou a validação de medição ao consumidor. Neste âmbito, a vazão do fluido (gás, líquido, sólído ou vapor), faz parte de um processo maior, onde há entregas com medição em vários momentos, de forma simples, nesta relação se eu meço gás, alguém está recebendo e alguém está entregando. Energia da mesma forma, água da mesma forma, e uma outra centena de variáveis calculadas juntamente com a medição de vazão. O que exige o conhecimento e calibração de outros sistemas de medição, entre as quais, as variáveis de pressão, temperatura, elétrica, mecânica”, complementa a coordenadora.
Texto: Renata Moura
Fotos: Divulgação
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