O Comitê Técnico Consultivo do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) destacou, sexta-feira (25), a importância de estudos desenvolvidos pelo Instituto para a energia eólica offshore no Brasil.
Fórum central de discussões sobre estratégias, projetos e rumos do ISI, o Comitê é composto por especialistas de instituições nacionais e estrangeiras com atuação de peso no setor.
O grupo se reuniu de forma híbrida – pela primeira vez com parte dos integrantes participando de modo também presencial.
A relevância do trabalho do Instituto também foi mencionada durante o encontro no contexto de compromissos internacionais assumidos pelo país.
O papel do ISI
“O Brasil já é um líder mundial em fontes renováveis, ainda assim a gente está vivendo a nossa transição energética, com uma inserção cada vez maior de fontes renováveis”, disse Gustavo Pires da Ponte, superintendente adjunto de Planejamento de Geração de Energia da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e um dos novos integrantes do Comitê empossados na sexta-feira.
“O país também tem o papel geopolítico de ajudar outros países a descarbonizar suas matrizes e para isso o ISI tem um papel muito importante. Está sempre à frente, fazendo os estudos que são necessários para que a gente lá na frente consiga executar esses projetos”, pontuou, na reunião.
O Instituto, complementou ainda, está ajudando o país a cumprir um importante compromisso perante a Organização das Nações Unidas (ONU) com esses estudos. A análise faz referência a subsídios fornecidos ao chamado PEM (Planejamento Espacial Marinho), que o país se comprometeu a concluir até 2030.
“A gente publicou o Roadmap das eólicas offshore lá em 2020 e o documento termina listando uma série de desafios que a gente tem para o desenvolvimento dessa fonte no país. Aos poucos a gente vai dando check nesses desafios e esses estudos do ISI estão ajudando a dar vários checks na nossa lista, como por exemplo na questão das medições de vento, que são fundamentais para melhor estimativa do potencial (eólico)”, disse. “Reconhecer esse potencial melhor é importante e essas medições vão ser úteis para isso”.
Questões ligadas à pesquisa, à inovação e aos desafios para que a futura atividade offshore seja desenvolvida foram os pontos centrais de discussão sobre a mesa. Desafios em relação à manutenção preventiva, à tropicalização e ao descarte de materiais do setor, no futuro, também foram abordados.
A discussão foi realizada a partir do Hub de Inovação e Tecnologia (HIT), complexo do SENAI-RN que sedia o Instituto em Natal. “Este é um Comitê que contribui para a qualidade das decisões do ISI e para que a atuação da instituição seja cada vez mais assertiva”, ressaltou o diretor 1º tesoureiro da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), Roberto Serquiz, que a partir de outubro assumirá a presidência da entidade e do Conselho Regional do SENAI no estado. Ele liderou a reunião representando o atual presidente da FIERN e do Conselho, Amaro Sales de Araújo.
O diretor também destacou que “as várias linhas de pensamento e experiências dos integrantes do Comitê podem somar ao desempenho do SENAI”. “Todas as contribuições colocadas neste fórum ficam no radar”, acrescentou.
Mapeamento
A agenda da reunião incluiu uma apresentação do diretor do SENAI-RN e do ISI-ER, Rodrigo Mello, sobre o mapeamento do recurso eólico offshore na Margem Equatorial Brasileira – região apontada por ele como “de interesse estratégico para o Brasil”.
A área é objeto de estudos desenvolvidos pelo Instituto por meio de convênio com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). “Um dos objetivos principais é apontar as áreas mais promissoras à implantação de complexos eólicos no mar”, detalhou Mello.
A região total abrangida no projeto corresponde a 38,6% do litoral do Brasil, incluindo o Rio Grande do Norte, líder nacional em geração eólica em terra e um dos potenciais polos de investimentos futuros em complexos eólicos offshore, com os primeiros já à espera de licenciamento. Os estados do Amapá, Ceará, Piauí, Maranhão e Pará também farão parte do projeto.
A ideia do mapeamento surgiu em 2020, após 13 dos 16 municípios amapaenses sofrerem um apagão de 22 dias, no que foi considerado o maior blecaute da história do país. Como fruto de articulações dos senadores da República Davi Alcolumbre (Amapá), Marcio Bittar (Acre), e do, à época senador do Rio Grande do Norte, e, atualmente, presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, o convênio para o desenvolvimento da iniciativa foi firmado.
Mello também apresentou resultados do primeiro ano de medições do potencial eólico offshore dentro do projeto, com equipamentos implantados no Porto Ilha de Areia Branca, no Rio Grande do Norte. “Os primeiros resultados sugerem que o Brasil vai ter condições de produção superiores às do Mar do Norte”, disse ele.
O Comitê Técnico Consultivo do ISI reúne representantes da indústria, da ciência, de instituições públicas ligadas ao governo e das principais entidades representativas do setor no país. São membros atuais Aeris, AES Brasil, CTG Brasil, WEG, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Centro de Pesquisas de Energia Elétrica – Cepel, Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABBEólica), Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), EPE, Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) e Universidade Técnica da Dinamarca (DTU, da sigla em inglês Technical University of Denmark), uma das universidades técnicas mais respeitadas da Europa e primeira instituição internacional a compor o grupo. Além de Ponte, da EPE, foram empossados na sexta como novos membros representantes do Ibama, do IBP e da DTU.
“Eu vi nascer o ISI-ER e para mim é um prazer ver como o Instituto vem crescendo e se firmando como referência nacional”, ressaltou Alexandre Costa, diretor de Eólica do Centro de Energias Renováveis da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e representante da Universidade no Comitê, ressaltando que a instituição e o ISI mantém um longo histórico de trabalhos em parceria com foco no setor.
O professor Alexandre Costa, da UFPE, o pesquisador do departamento de Transição Energética e Sustentabilidade do Cepel, Ricardo Dutra, o gerente de Vendas Centro Negócios de Energia na WEG, Cassiano Lehmert, e a professora doutora de Química do Petróleo da UFRN, Amanda Duarte Gondim, coordenadora da Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Sustentáveis para Aviação (RBQAV) participaram presencialmente da reunião. Também visitaram os laboratórios do ISI.
SOBRE O ISI-ER
O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) é a principal referência do SENAI no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) em energia eólica, solar e sustentabilidade, incluindo novas tecnologias como o hidrogênio verde. Está em operação no Hub de Inovação e Tecnologia (HIT) do SENAI-RN, em Natal, desde 2018, e foi oficialmente inaugurado em junho de 2021, com a conclusão das instalações e a operação plena dos laboratórios. O Instituto faz parte da maior rede privada de institutos de PD&I criada no Brasil para atender as demandas da indústria, composta por 26 Institutos SENAI de Inovação.
Texto: Renata Moura
Fotos: Renata Moura
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