Temas de interesse estratégico para o desenvolvimento do setor de energias renováveis no Brasil e no Rio Grande do Norte foram discutidos na primeira reunião da Comissão Temática de Energias Renováveis (COERE), da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), em 2022, realizada nesta quarta-feira (23). A reunião marcou também a passagem da presidência da COERE, que passa ao comando de Amaro Sales, presidente da FIERN.
Na pauta do encontro, realizado de forma híbrida, com participações presenciais na Casa da Indústria, entraram desde a necessidade de avanços na legislação relacionada aos licenciamentos ambientais até o decreto federal que aponta as diretrizes iniciais para projetos eólicos offshore, no mar, no país.
Também foram apresentados detalhes iniciais da plataforma que reunirá os dados do novo Atlas Eólico e Solar do RN, que será lançada segunda-feira (28) pelo Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), durante o Encontro em Defesa das Energias Renováveis, a partir das 8h30, na Casa da Indústria. O Atlas é desenvolvido pelo ISI-ER por meio de Termo de Colaboração firmado entre o governo do Rio Grande do Norte, através da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), e o Sistema FIERN e o SENAI-RN.
A COERE é um fórum de discussões, acompanhamento e proposições sobre a atividade brasileira que reúne 24 instituições locais e nacionais, entre elas a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) e a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), principais entidades representativas do setor.
A Comissão passou a ser presidida a partir desta reunião pelo presidente do Sistema FIERN, Amaro Sales de Araújo. Antes, a posição era ocupada pelo engenheiro Sérgio Freire, até fevereiro deste ano também presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Mossoró.
Na abertura do encontro, Sales ressaltou “a dedicação e abnegação de Freire à frente do Conselho, no momento das energias que o RN vive”, se referindo à liderança potiguar na geração de energia eólica em terra e as perspectivas de novos investimentos sinalizados no horizonte para o offshore e em áreas como produção de hidrogênio a partir de fontes renováveis.
Ele destacou ainda que a preocupação da FIERN no órgão “é fortalecê-lo ainda mais na missão do estado de mandar energia para o Brasil”.
Discussões
A reunião contou com uma apresentação do diretor da FIERN e presidente da Comissão Temática de Meio Ambiente (COEMA/FIERN), Roberto Serquiz, sobre a Resolução de Licenciamento Ambiental de Empreendimentos de Geração de Energia Elétrica a partir de Fonte Eólica’, que está atualmente em discussão no estado, com participação ativa da FIERN nas discussões e construção do documento.
“Precisamos avançar na legislação para dar segurança jurídica, para que os investimentos cheguem”, disse Serquiz, destacando que a federação integra o grupo de trabalho criado para se debruçar sobre o tema e que uma audiência pública foi realizada sobre o assunto na semana passada, reforçando que a resolução precisa ser revisada. “A esperança é de que possamos avançar e achar o ponto de equilíbrio”, frisou.
O diretor do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), Rodrigo Mello, por sua vez, detalhou o decreto que traz as diretrizes iniciais para o desenvolvimento do setor eólico offshore no Brasil, ressaltando a necessidade de desburocratização no caminho previsto para licenciamento ambiental dos projetos.
Ele destacou a tendência de salto na geração eólica do país a partir dessa nova frente de investimentos e o potencial já medido pioneiramente pelo ISI-ER na costa brasileira. “O SENAI”, disse ele, “saiu na frente nesse tema”.
Potencial offshore
“Fizemos o primeiro levantamento do potencial offshore no Brasil ainda em 2012, e medimos o equivalente a 10 Itaipus (segunda maior hidrelétrica do mundo) só na fatia que engloba o litoral do RN e o leste do Ceará. Agora, vamos mapear toda a Margem Equatorial Brasileira e estamos atualizando o Atlas do Rio Grande do Norte, com novas tecnologias e medições em alturas maiores. Então vemos esse decreto, esse marco inicial como um marco inicial necessário, que precisa avançar”, disse o diretor.
Outro projeto a cargo do Instituto, o desenvolvimento do primeiro carro elétrico do Rio Grande do Norte – um buggy da indústria de veículos Selvagem – também foi citado na reunião da Coere em meio à sugestão de Mello, já acatada pela Comissão, de que o assunto eletromobilidade seja incorporado de forma permanente nas pautas de discussão do grupo a partir de agora. O diretor apresentou perspectivas de outros projetos pioneiros do SENAI/CTGAS-ER na área, em parceria com a Alemanha, incluindo a futura formação de profissionais para atuar na conversão de veículos elétricos no estado.
Durante o encontro, outra definição apresentada ao grupo, desta vez pelo presidente Amaro Sales, foi de que o 2º Fórum Potiguar de Energias Renováveis será realizado no segundo semestre deste ano. O tema energias renováveis, frisou ele, está entre as pautas fundamentais da FIERN, do estado e do Brasil. “É estratégico”, ressaltou.
A reunião contou com a participação do diretor regional do SENAI-RN, Emerson da Cunha Batista, e do superintendente do SESI-RN, Juliano Martins, além dos integrantes da Comissão.
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