O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) apresentou nesta quinta-feira (21) um panorama sobre a identificação de áreas para a implantação de parques eólicos offshore (no mar) no Rio Grande do Norte, uma indústria que começa a se estruturar no Brasil e que tem no estado – maior produtor de energia eólica em terra – uma das zonas de investimentos já apontadas como mais promissoras.
A apresentação foi realizada pela pesquisadora do ISI-ER, Mariana Torres, na categoria “Benefícios, sociais, ambientais e econômicos da fonte eólica” do Brazil Windpower Papers 2021, parte do Brazil Windpower – um dos principais eventos do setor eólico no país e na América Latina. O artigo faz parte de um conjunto de três trabalhos técnicos do Instituto aprovados nesta edição e aborda desde como estão as discussões sobre a exploração dessa nova fronteira, do ponto de vista legal, até o que se sabe em relação às perspectivas de geração.
O artigo, um dos cinco melhor classificados entre 10 selecionados nessa categoria do evento, faz uma avaliação de informações relacionadas ao potencial eólico offshore, da análise de batimetria – a análise de profundidade de mar para implantação dos parques – e distância da costa, além de aspectos socioambientais e estruturais que devem ser levados em consideração, bem como restrições e potencialidades para a instalação de empreendimentos eólicos offshore no estado.
O ISI-ER, referência da rede de Institutos SENAI de Inovação no Brasil em energia eólica, solar e sustentabilidade, foi a primeira instituição no país a medir em campo o potencial de geração eólica offshore, a energia com parques eólicos instalados no mar.
O setor é objeto de estudos dos pesquisadores do SENAI-RN há mais de 10 anos e, para investidores dessa indústria, começa a despontar com força como possibilidade de negócio. Para se ter ideia, só até agosto, 23 projetos estavam com processos de licenciamento ambiental abertos no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), distribuídos em sete estados, principalmente na região Nordeste. Só no RN, são quatro.
Os 23 projetos somam uma potência total de 46,63 Gigawatts (GW) – mais que o dobro da capacidade total instalada atualmente em parques eólicos em terra no país, que segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), chega a 19,1 GW.
Trabalhos
Mas essa não é a única área sobre a qual os pesquisadores do ISI-ER estão debruçados.
Além do artigo “Panorama geral na identificação de áreas para a implantação de parques eólicos offshore no Rio Grande do Norte”, outros dois trabalhos foram selecionados no Brazil Windpower e devem ser publicados nos anais do evento.
Com os títulos “Avaliação das diretrizes de pré-licenciamento, licenciamento e pós-licenciamento ambiental de parques eólicos” – fases consideradas fundamentais para a determinação da sustentabilidade ambiental da atividade – e “Laboratório de Calibração de Anemômetros do ISI-ER”, os artigos serão disponibilizados ao público nos sites do evento (https://www.brazilwindpower.com.br/) e da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) – http://abeeolica.org.br/ – uma das organizadoras do Congresso.
“Os temas apresentados pelos pesquisadores do Instituto são chave para a competitividade da fonte eólica, para novos investimentos que vemos no horizonte do setor e para a operação de empreendimentos que já existem”, diz o diretor do ISI-ER e do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis, Rodrigo Mello.
As pautas, segundo ele, são relevantes em um contexto em que essa fonte cresce na matriz energética, em que é preciso diversificar mais essa matriz e em que para a sociedade novas possibilidades também despontam não só para ter cada vez mais a oferta de energia limpa a custos menores, mas também potenciais vagas de emprego e oportunidades de qualificação que crescem na esteira desses projetos. “O Instituto está atento a todos esses debates e os artigos que apresenta nesse evento refletem isso”, frisa Mello.
O coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) do Instituto, Antonio Medeiros, que assina os trabalhos com os pesquisadores, acrescenta que os artigos são fruto dos trabalhos que o ISI está desenvolvendo, a exemplo de mapeamentos eólicos offshore e testes no túnel de vento instalado no Instituto – o único do Brasil projetado para atender a demanda do setor eólico. “O artigo mostra o trabalho que está sendo realizado para buscar acreditação e ofertar pesquisa, desenvolvimento e serviços para o setor, que precisa de túneis de vento para calibração”, observou Medeiros.
De forma global, os trabalhos apresentados nesta quinta-feira abordaram temas ligados a áreas como análise de recursos do vento, novas tecnologias, operação e manutenção (O&M), benefícios ambientais, sociais e econômicos da fonte eólica, além de regulação e comercialização. Além do ISI-ER, do Rio Grande do Norte, participaram com apresentações pesquisadores de instituições como Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS).
Os artigos do ISI são assinados pelos pesquisadores Maria de Fátima Alves de Matos, Mariana Torres Correia de Mello, Antonio Marcos de Medeiros, Leonardo de Lima Oliveira e Caio Graco Lopes Alves. O trabalho sobre o Túnel de Vento também registra a participação de Ricardo Reis Costa, da FanTR – TECNOLOGY RESOURCES.
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