Na França, o tema central em discussão será a “purificação e transformação de biogás”. O pesquisador do ISI-ER, Giovanny Oliveira, segue nesta sexta-feira (21) para visita técnica na Universidade de Pau et des Pays de l’Adour
O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) inicia, neste mês, uma série de incursões técnico-científicas na Europa, com foco em sustentabilidade, em uso de IA (inteligência artificial) e geotecnologia para o setor elétrico, e relacionamento com comunidades em projetos offshore. A agenda inclui compromissos na França, em Portugal e na Dinamarca.
De acordo com o coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento do ISI-ER, Antonio Medeiros, a programação mostra a multidisciplinaridade do Instituto e o atendimento a toda a cadeia de energias renováveis – desde a tecnologia e a prospecção do recurso renovável, até as frentes de operação, manutenção e descomissionamento de projetos.
“A internacionalização do ISI e a participação em debates com pesquisadores de universidades e outros centros de pesquisa são importantes para aumentar o portfólio de soluções que aplicamos no desenvolvimento de produtos e processos para a indústria brasileira, principalmente porque, se já existe uma curva de aprendizado, a gente otimiza o tempo de desenvolvimento da solução”, observa o coordenador.
França
Na França, o tema central em discussão será a “purificação e transformação de biogás”. O pesquisador do ISI-ER, Giovanny Oliveira, segue nesta sexta-feira (21) para visita técnica no laboratório de Engenharia Térmica, Energia e Processos (LaTEP/UPPA) da Universidade de Pau et des Pays de l’Adour, onde vai conhecer a infraestrutura e acompanhar experimentos. Ele também vai apresentar à instituição a expertise do Instituto SENAI na área de sustentabilidade.
O convite partiu do LaTEP e do Laboratório de Energias Alternativas e Fenômenos de Transporte, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LEAFT/UFRN), onde faz doutorado.
Oliveira explica que o processo de purificação do biogás visa a obtenção do biometano através da remoção de impurezas como H2S (sulfeto de hidrogênio) e CO2 (dióxido de carbono). Já a transformação do biogás diz respeito à utilização do biogás bruto (com as impurezas) ou purificado (biometano) em produtos de maior valor agregado, a exemplo de metanol, biocombustíveis e hidrogênio renovável.
“Existem diferentes processos capazes de purificar o biogás e o ISI-ER, em parceria com o LEAFT/UFRN, já vêm trabalhando na purificação de efluentes gasosos principalmente na área de microfluidos, com formação de recursos humanos bem consolidada nessa área”, diz o pesquisador, observando, entretanto, que “conhecer outros processos, in loco, para purificação desse gás, permitirá a identificação de gargalos em práticas já realizadas além de agregar conhecimento em potenciais melhorias para as tecnologias em uso”.
“O mesmo ocorre para a transformação do biogás: atualmente, podemos trabalhar com a Recirculação Química para transformação desse material em gás de síntese, H2 ou CO2 com sua respectiva captura, porém existem outras rotas tecnológicas que podem convertê-lo em produtos de maior valor agregado e reconhecer esses processos também é um dos objetivos dessa viagem”, acrescenta. Além de ampliar conhecimentos, a expectativa, de acordo com o pesquisador, é abrir caminho para futuras parcerias com a instituição internacional. A programação vai até 05 de março.
Portugal
Em Portugal, o ISI vai detalhar resultados de um estudo desenvolvido para a CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais), na área de coleta, tratamento e processamento de dados satelitais para gestão e tratamento de dados relacionados ao setor elétrico.
As conclusões são parte do artigo “Integrating Satellite Images Segmentation and Electrical Infrastructure Data to Identify Possible Urban Irregularities in Power Grid Network” ( “Integração de Imagens de Satélite e Infraestrutura Elétrica para Identificação de Irregularidades na Rede de Distribuição”, em tradução livre), que será apresentado na 27ª International Conference on Enterprise Information Systems (ICEIS) – Conferência Internacional sobre Sistemas de Informação Empresarial. O evento será realizado entre os dias 4 e 6 de abril, na Cidade do Porto.
Segundo o cientista de dados em projetos de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I), do ISI-ER, e um dos autores do estudo, Álisson Alves, o trabalho propõe uma metodologia inovadora para detectar áreas urbanas sem cobertura de infraestrutura elétrica, integrando redes neurais convolucionais – uma espécie de inteligência artificial especializada em analisar dados visuais, como imagens ou vídeos, que imita a maneira como o cérebro humano processa informações visuais, identificando padrões – e dados geoespaciais.
Em Portugal, o cientista de dados em projetos de PD&I, do ISI-ER, Álisson Alves, apresentará resultados de um estudo na 27ª International Conference on Enterprise Information Systems (ICEIS)
“A principal conclusão do estudo é que a combinação de modelos de deep learning com dados geoespaciais permite identificar, de forma eficaz, discrepâncias entre o crescimento urbano e a cobertura de infraestrutura elétrica. Isso possibilita a detecção de áreas com potenciais conexões irregulares, contribuindo para a redução de perdas comerciais no setor elétrico”, explica ele, a quem caberá apresentar os resultados na Conferência.
O projeto objeto do artigo é também parte da tese de doutorado que desenvolve em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Computação da UFRN. O estudo tem como coautores/as Luisa Souza, Luiz Luck, Raniere Lima, Carlos Augusto Teixeira de Moura, Wesley José dos Santos Marinho, Rafael Capuano, Bruno Costa, Marina Siqueira e Jesaías Silva, do ISI-ER, e, como colaboradores externos, os professores Pablo Alsina, da UFRN, e Raul Paradeda, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
A International Conference on Enterprise Information Systems (ICEIS) reúne pesquisadores, engenheiros/as e outros/as profissionais interessados/as nos avanços e aplicações de sistemas de informação empresarial. A conferência abrange áreas como Tecnologia de Banco de Dados Empresariais, Integração de Sistemas, Inteligência Artificial, Sistemas de Suporte à Decisão, Análise e Especificação de Sistemas de Informação, Computação na Internet, Comércio Eletrônico, Interação Humano-Computador e Arquitetura Empresarial.
O evento é patrocinado pelo Institute for Systems and Technologies of Information, Control and Communication (INSTICC) e conta com a cooperação técnica de instituições renomadas, como a Association for Computing Machinery (ACM).
Dinamarca
Na Dinamarca, a participação será no Learning programme on Conflict Management – Environmental Focus, um curso de gestão de conflitos ambientais promovido pelo governo dinamarquês na cidade de Copenhague, entre os dias 24 de maio e 15 de junho.
A capacitação é um desdobramento da aproximação iniciada em 2024 entre o Instituto, a Embaixada da Dinamarca no Brasil e a Agência Dinamarquesa de Energia.
Representantes das duas instituições da Dinamarca, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Ministério de Minas e Energia do Brasil acompanharam, in loco, o “Diagnóstico socioambiental participativo (DSP)” que o ISI realizou em outubro, em Areia Branca – município potiguar a 330 km da capital, Natal, escolhido pelo SENAI como sede da primeira planta-piloto do Brasil para estudos voltados à energia eólica offshore.
O projeto está em fase de licenciamento ambiental no Ibama e as atividades assistidas pelo grupo buscam aprofundar o diagnóstico socioambiental que o ISI-ER faz sobre a região, com uma maior compreensão dos desafios, expectativas e preocupações apresentados pelas comunidades com a chegada da energia eólica ao mar.
Na Dinamarca, o pesquisador do ISI-ER, Gabriel Lima, participará do Learning programme on Conflict Management – Environmental Focus, um curso de gestão de conflitos ambientais promovido pelo governo dinamarquês; na imagem, ele aparece em campo, durante atividade de projeto do Instituto no RN
A planta-piloto do SENAI é um sítio de testes, em condições reais de operação, para futuros aerogeradores que serão implantados offshore no Brasil. A expectativa da instituição é que o início da operação ocorra em 2027.
Desde a elaboração do projeto o ISI dialoga com as comunidades pesqueiras da região. Planos de educação ambiental e de comunicação social local, além de fomento ao desenvolvimento de profissões e empreendedorismo estão em desenvolvimento.
“Considerando a importância do Estudo Ambiental do Sítio de Testes, que visa contribuir com toda a cadeia produtiva da energia eólica offshore, e o papel pioneiro do ISI-ER no licenciamento dos primeiros aerogeradores offshore do Brasil, a participação nesse curso trará ganhos significativos para a instituição”, observa o pesquisador, Gabriel Lima, que representará o ISI no país europeu.
“A capacitação permitirá ampliar a expertise do ISI-ER no segmento de energias offshore, promovendo a transferência de conhecimento e tecnologias”, acrescenta. “A missão tem como objetivo a busca de conhecimentos a serem implementados nas próximas etapas de estudos e licenciamento de Sítio de Testes”.
A candidatura do ISI-ER para o curso foi realizada a convite da Embaixada da Dinamarca no Brasil e incluiu um plano de trabalho com foco em experiências do Instituto junto a comunidades, em projetos que desenvolve.
Texto: Renata Moura
Fotos: Renata Moura e divulgação ISI-ER
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