O diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello, destacou nesta segunda-feira (13) oportunidades que a energia eólica offshore (no mar) traz ao Rio Grande do Norte – e que é preciso ampliar discussões para a atividade nascer e se desenvolver com competitividade no estado.
“Nós precisamos montar nesse cavalo que passa selado para atender à demanda internacional por energia limpa”, disse ele. “O Rio Grande do Norte tem condições de dar a sua contribuição, ofertando e transportando essa energia para outros países a partir de hidrogênio e de outros combustíveis avançados”, frisou, estimando a possibilidade de o setor iniciar operação, efetivamente, antes de 2030 no Brasil.
A regulamentação é um dos desafios que aponta no caminho. Na avaliação do executivo, tecnologia existe e capital interessado em investir também, mas ainda “falta atitude” no Brasil, ou “uma ambiência de atração do investidor, com regulação ambiental e segurança jurídica” para que o movimento em direção ao mar aconteça de modo firme.
As análises integraram a palestra “Energia eólica offshore no litoral do RN e as perspectivas de H2”, ministrada por ele, no primeiro dia de programação da Semana da Amazônia Azul & Economia do Mar, promovida pela Marinha do Brasil em Natal, com o apoio da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), do SENAI-RN e de outros parceiros locais.
Oportunidades
A partir do desenvolvimento tecnológico da indústria de energia eólica offshore, o executivo estima que várias oportunidades poderão ser geradas no Brasil e no RN – não só para grandes companhias. “Para as empresas de pequeno e médio portes também”.
O executivo observa que, durante missão técnica realizada em maio deste ano ao Reino Unido, os caminhos para tanto ficaram mais claros.
“Uma das coisas que em todos os pontos visitados foi repetido é que o investimento nesta nova cadeia de desenvolvimento foi feito necessariamente com a participação de empreendedores locais, com perspectiva de desenvolvimento regional, buscando gerar ocupações para pessoas majoritariamente da região. E é isso o que estamos buscando fazer no Rio Grande do Norte”, disse Mello.
As oportunidades que despontam no horizonte, na ótica dele, são diversificadas. “Elas vêm a partir de fornecimento na cadeia de suprimentos, o que inclui desde tubulações e conexões, por exemplo, até serviços de transporte, logística, distribuição, de fornecimento de mão de obra especializada, como eletricistas, mecânicos, montadores, aluguel de barcos”, exemplifica.
Hoje, pelo menos 78 complexos de energia eólica offshore estão projetados para a costa brasileira e à espera de licenciamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A maior parte da potência (45,61%) está concentrada no Nordeste, nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Maranhão e Piauí.
Só para o Rio Grande do Norte, maior gerador de energia eólica em terra, estão cadastrados 10 desses projetos, com potência somada de 17,84 Gigawatts (GW). O número corresponde a quase 10% do total previsto para o Brasil no offshore e a mais que o dobro da capacidade atualmente instalada nos parques terrestres do estado.
“A FIERN e o SENAI têm feito esforços importantes para desenvolvimento de tecnologia e de soluções para formação de profissionais na área”, disse Rodrigo Mello.
As instituições também têm fomentado a troca de informações do estado com países que já têm a cadeia produtiva funcionando, como o Reino Unido, líder do setor na Europa.
Nesta terça, durante o “Encontro Brasil-Reino Unido – Oportunidades para a cadeia de energia eólica offshore”, que integrou a programação da Semana da Amazônia Azul & Economia do Mar, a cônsul do Reino Unido no Recife (PE), Larissa Brusky, também ressaltou a importância da cooperação para que o Brasil não precise percorrer os mesmos desafios identificados no setor britânico – e para que, caso tenha de percorrê-los, consiga fazer isso de forma mais direcionada, e por caminhos mais curtos.
Experiências da atividade britânica foram compartilhadas durante o evento por especialistas que atuam diretamente no setor.
Texto e foto: Renata Moura
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