A missão internacional liderada pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) e pelo SENAI-RN no Reino Unido foi encerrada, no último sábado (06), acrescentando, à bagagem potiguar, perspectivas de cooperação com instituições do país europeu, além de exemplos de boas práticas que funcionam para a chegada e o avanço da energia eólica offshore.
O Reino Unido é líder do setor na Europa e atualmente sedia o desenvolvimento do maior complexo eólico offshore do mundo. A atividade – a geração da ‘energia dos ventos’, com turbinas instaladas no mar, e a cadeia produtiva ao redor – existe há aproximadamente 10 anos em território britânico.
Na visão de empresas e entidades empresariais do Rio Grande do Norte que embarcaram na Missão ao país, conhecer a experiência de negócios e instituições que já vivem essa indústria in loco “foi como olhar o futuro” e colher subsídios para fortalecer a trilha do setor no Rio Grande do Norte.
O estado é o maior produtor de energia eólica em terra e tem, atualmente, os primeiros complexos offshore à espera de licenciamento no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
“Não estamos levando na bagagem só boas práticas do Reino Unido, mas também informações e conhecimento de vários players que já atuam nesse mercado e isso dá a oportunidade de cada vez mais avançarmos na implantação do offshore no Rio Grande do Norte”, disse o diretor da FIERN e presidente eleito da Federação para o mandato que começa em outubro, Roberto Serquiz.
“Nós pavimentamos, aqui, uma estrada bastante fértil para implantação do offshore no estado. Sabemos as potencialidades que temos e estamos saindo (da Missão) com uma bagagem rica, com uma programação bem sucedida e com várias reflexões para que possamos dar continuidade a esse processo. A expectativa é através da Federação das Indústrias e do SENAI evoluir nesse sentido”, acrescentou.
Iniciada em Manchester e encerrada em Londres, capital do Reino Unido, a Missão teve como objetivo conhecer, in loco, a operação da indústria da energia eólica no Reino Unido, prospectar oportunidades de negócios para o estado e mostrar o potencial brasileiro e o potiguar, na área, de olho em possíveis parcerias com empresas e instituições britânicas.
A programação incluiu visitas a centros de inovação, a instalações eólicas offshore, à infraestrutura portuária da região e participação na conferência “Offshore Wind Connections”, uma das mais importantes do país e, neste ano, comemorando a 10ª edição. O roteiro também abrangeu as cidades de Newcastle e Hull. Entre as paradas, estiveram também instalações onde está em desenvolvimento o Dogger Bank Wind Farm, projeto que, uma vez concluído, será o maior parque eólico offshore do mundo.
Clique abaixo para acessar, com áudio em português, o vídeo “Caminhos para o futuro da energia limpa e do planeta”, que FIERN e SENAI-RN apresentaram em reuniões estratégicas durante a Missão no Reino Unido – e confira, no YouTube, a versão original, em inglês.
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Negócios
Rodrigo Mello, diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, chamou a atenção para a participação direta de empresários e líderes sindicais do Rio Grande do Norte para enxergar oportunidades de negócio. “Nós consideramos que a Missão teve seu objetivo cumprido, no sentido de mergulharmos no funcionamento de uma cadeia que está para começar no Rio Grande do Norte, e de tratar da criação do ecossistema de energia renovável do estado, agora destacando a energia eólica offshore, uma cadeia de gigantes, trabalhada com a soma de esforços das micro e pequenas empresas”, frisou ele.
“Vimos onde as micro e pequenas têm oportunidade de se inserir e trabalhamos na perspectiva de levar conhecimento para o estado através de empresas formadoras de pessoas, de empresas de tecnologia e de desenvolvimento de equipamentos, por exemplo, para fortalecer o ambiente já existente no onshore (em terra) – que o Rio Grande do Norte tão bem conhece – e o ambiente offshore, que o RN também conhece voltado a óleo e gás. Agora, o que pretendemos é desenvolver uma cadeia que une esses esforços”, completou.
A avaliação do lado britânico também foi positiva e sinaliza novas perspectivas no horizonte para o estado. “Estamos extremamente entusiasmados com o que vimos. Claramente existe grande sinergia no que está acontecendo no ecossistema britânico e o que irá acontecer no Brasil nos próximos anos, especialmente no Rio Grande do Norte”, disse a cônsul do Reino Unido no Recife (PE), Larissa Bruscky. “Essa missão foi o início de uma parceria que deverá trazer muito conhecimento, inovação e negócios para o estado a partir da expertise britânica no setor”, pontuou ainda.
Oportunidades
O empresário Francisco Vilmar Pereira Segundo, vice-presidente da FIERN e presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Rio Grande do Norte, analisou que “a Missão foi de grande importância para o fomento da economia do estado”. “O centro (o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis) tem feito um excelente trabalho com os grandes players do mercado internacional e esse trabalho de união com a Embaixada do Reino Unido é fundamental para que possamos ver o progresso da nossa cadeia produtiva”, disse, ao final da viagem, ressaltando também a importância do poder público e da iniciativa privada se unirem para viabilizar a infraestrutura necessária ao setor. “As oportunidades estão abertas e os sindicatos também podem somar muito para essa cadeia produtiva”, continuou Pereira.
Zeca Melo, diretor superintendente do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte, pontuou que a experiência britânica mostra um espaço muito claro para o segmento nessa indústria. “Nós vimos a decisão de apoiar a pequena empresa, nas universidades, nas grandes empresas, nos portos. Em todas as visitas que fizemos o contexto foi de apoiar a micro e pequena empresa, apoiar o desenvolvimento local, apoiar o empreendedorismo”, disse ele.
“Analiso que fizemos bons contatos com entidades que podem parceirizar conosco e que temos uma semente do offshore para o Polo de Energias Renováveis que está sendo desenvolvido com bastante sucesso pelo Sebrae dentro do SENAI no Rio Grande do Norte (o Polo para Aceleração de Negócios de Energias Renováveis do Brasil, que a entidade abriu esta semana no Hub de Inovação e Tecnologia – HIT – do SENAI-RN).
O empresário e presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do RN (Sinduscon-RN), Sérgio Azevedo, também descreveu os dias em território britânico como “muito proveitosos”. “Conhecemos um pouco desta cadeia que está indo para o Brasil e que vai chegar com muita força porque o mundo precisa de energia e essa energia é renovável”, disse. O Rio Grande do Norte, nas palavras dele, “é abençoado com a questão do recurso eólico, tanto no mar quanto em terra e é muito importante que as empresas locais estejam conhecendo a atividade de forma antecipada para que possam se preparar e, quando chegar a hora, para que consigam colher os frutos desse novo negócio”.
“Eu acho que a Federação das Indústrias está de parabéns pela iniciativa e pela forma que organizou a Missão, extremamente propositiva e com parceiros estratégicos. Nós conhecemos empresas que têm tudo a ver com o que a gente precisa para o Rio Grande do Norte”, destacou Azevedo. Alberto Serejo, presidente do Sindicato das Indústrias de Instalação e Manutenção de Redes, Equipamentos e Sistemas de Telecomunicações (SINDIMEST) do RN avaliou a viagem como “oportunidade de dar foco para que as empresas do estado possam crescer com novos rumos e projetos”.
Preparação
O governo do estado foi representado na viagem pelo diretor geral do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (Idema), Leon Aguiar. O órgão é responsável por áreas como o licenciamento ambiental. “A gente tem que estar preparado para esse novo mercado, que ainda está chegando no Brasil e que mesmo aqui, no Reino Unido, com a atividade há uns 10 anos acontecendo, tem desafios”, disse ele.
“Esse é um mercado em crescimento, e nós temos que criar nossos atos regulatório, criar o ambiente de mercado, e o poder público também tem essa responsabilidade de ser o indutor do desenvolvimento, do estabelecimento de metas e da unificação do diálogo com as empresas. Temos que estar preparados porque também virão indústrias de diferentes atividades que ainda não existem no país e vamos precisar ter uma relação com essas empresas nesse novo ambiente. Uma relação institucional não só com a iniciativa privada, mas com outros atores da administração pública, porque teremos uma mescla de competências entre a União, entre os estados e os municípios”, acrescentou Aguiar.
Ele reiterou, ainda, que a experiência da Missão foi “muito positiva para que o Rio Grande do Norte, que já desponta no cenário das energias renováveis, esteja realmente preparado, capacitando pessoas, criando o ambiente de negócios, para que o offshore e o hidrogênio verde venham acontecer no estado de forma pioneira”. “Nós precisamos aproveitar a crista da onda porque quem começar primeiro vai conseguir aproveitar melhor esse mercado e criar novos negócios e novos ambientes”, destacou o diretor do Idema.
A possibilidade de atrair parcerias e investimentos britânicos para o Rio Grande do Norte também é vislumbrada pelo grupo que participou da Missão. Silvio Bezerra, empresário e diretor da Federação das Indústrias, disse ter entendido a programação como oportunidade de apresentar o que está sendo desenvolvido em território potiguar e que o estado tem muito a mostrar em tecnologia de ponta – e logicamente pode evoluir ainda mais a partir dessa aproximação com o Reino Unido. A expectativa, observa ele, é que instituições visitadas também possam desembarcar no RN.
“Nós queremos mostrar a eles o quão desenvolvido a gente está em relação ao que está sendo discutido, que é novo no mundo inteiro, nesse caso o hidrogênio e as energias renováveis”, disse Bezerra. “O SENAI tem vários exemplos a serem seguidos e tenho certeza de que, com a contribuição de um país como o Reino Unido, muita coisa pode ser feita em conjunto”.
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