A história de pioneirismo do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER) e o potencial de crescimento da instituição – braço do Sistema FIERN, por meio do SENAI do Rio Grande do Norte – foram exaltados nesta quarta-feira (22), em Natal, durante cerimônia em alusão aos 21 anos do Centro.

 

O evento reuniu autoridades e representantes de diversas instituições públicas e privadas com atuação em áreas como petróleo, gás, veículos, energias renováveis e educação. Uma linha do tempo com os principais projetos e ações realizados desde a origem, além de planos de expansão, foram apresentados ao público.

 

“Essa é uma história de realizações, que nesses 21 anos traz um legado importante para todo o Brasil. E tem muito mais por vir”, disse o diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello, apresentando três momentos-chave do CTGAS-ER que acompanham a história socioeconômica brasileira, no que chamou de “estratégia complementar e evolutiva”.

 

 

O primeiro momento, disse ele, foi o início, focado no gás, em um contexto em que a mão de obra no país dependia de pessoas estrangeiras. O Centro começou a ser discutido em 1997 por Petrobras, CNI (Confederação Nacional da Indústria) e Sistema FIERN, através do SENAI, como meio de prover o Brasil de soluções educacionais para formação de sua própria base de profissionais, e de serviços técnicos e tecnológicos, na época, para essa indústria.

 

A inauguração, em 22 de março de 2002, foi sucedida por uma série de iniciativas com esse foco e pelo desenvolvimento de novos setores que voltaram a demandar soluções como essas do Centro. Um deles, a energia eólica, foi apresentado como outro grande marco da trajetória, a partir de 2009.

 

 

Foi nesse período, o mesmo em que foram realizados os primeiros leilões no Brasil de energia eólica, explicou Mello, que a instituição ampliou a atuação para a indústria das energias renováveis e passou a se chamar CTGAS-ER. “O assunto energias renováveis estava presente no Brasil e de novo não havia profissionais qualificados na indústria brasileira para tocar esse setor. Fomos desafiados a gerar essa resposta para a indústria”, disse, exemplificando com um dos passos dessa trajetória: “Em 2010 lançamos nossa especialização em energia eólica. Hoje estamos na 28ª turma e desafio um único parque de geração de energia eólica, instalado e em funcionamento no Brasil, a dizer que não tem pelo menos um aluno desse Centro, proveniente dessa especialização”.

 

Já a terceira onda – a fase atual do Centro – complementou Rodrigo Mello, é caracterizada por marcos como a criação do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), principal centro de pesquisa aplicada, desenvolvimento e inovação do SENAI no Brasil com foco em energia eólica, solar e sustentabilidade, e de uma nova expansão nas frentes de atuação do CTGAS-ER, incorporando ações para impulsionar a educação profissional no país em setores que começam a se estruturar, como o de energia eólica offshore, de hidrogênio renovável, além do mercado da eletromobilidade.

 

 

Novos Projetos

 

Durante o evento, foram anunciados quase meio milhão em investimentos para formação de profissionais na área de eletromobilidade e as primeiras investidas do país, em segurança do trabalho, voltadas à qualificação profissional para futuros parques eólicos offshore (no mar).

 

Os projetos serão desenvolvidos em parceria, respectivamente, com o Banco do Nordeste e a Maersk Training Brasil, parte da gigante dinamarquesa do setor de logística A.P. Miller – Maersk, maior empresa de treinamentos profissionais para a indústria de energia eólica do mundo.

 

Com a Maersk, explicou Rodrigo Mello, “a ideia é desenvolver ações incluindo GWO Sea Survival e o novo padrão GWO para elevadores em turbinas eólicas”. “São certificações que o Brasil ainda não oferece, uma evolução que SENAI e Maersk trazem para o país, que são absolutamente necessárias para evolução do ambiente de trabalho para geração de energia eólica offshore. Vamos construir a infraestrutura nos próximos dois anos, para entregar as soluções necessárias ao setor”, acrescenta.

 

 

Com o Banco do Nordeste, por sua vez, foi assinado simbolicamente o Convênio de Assistência Técnica e Financeira para realização do projeto “Laboratório didático de conversão e reparação de veículos elétricos”, que tem como objetivo fomentar a capacitação técnica de profissionais para atender a demanda de conversão e manutenção de veículos elétricos. A ação é inédita na região.

 

Durante o evento, foram assinados termos que formalizam as novas parcerias. Jeremy Faria, coordenador do Departamento de Treinamento em Eólica da Maersk Training Brasil, representou a companhia. Pelo Banco do Nordeste participou o superintendente em exercício da instituição, Sartre Nogueira Fernandes Praxedes.

 

O diretor do SENAI-RN lembrou que o CTGAS-ER liderou o projeto de desenvolvimento do primeiro buggy elétrico do Rio Grande do Norte – o primeiro do Brasil idealizado para regiões de dunas – e foi pioneiro em mapeamentos no país para medir o potencial de energia eólica offshore, trabalho base para a atual fase de desenvolvimento do setor no país e para atividades de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação que o ISI-ER conduz hoje como referência nacional.

 

Impulsos

 

Entre outros projetos de destaque com participação do Centro ele citou ainda a primeira conversão do mundo de uma usina de gás para etanol, em parceria com a Petrobras, esforços para aumentar a participação das mulheres nas salas de aula e no mercado de trabalho do setor de energia – uma das áreas da economia em que os homens historicamente têm predominado – além de trabalhos realizados em cooperação com parceiros internacionais, como a Alemanha, que resultaram em novos investimentos e inovações com foco em educação e sustentabilidade, como uma certificação profissional inédita no país para profissionais que atuam no setor de energia solar.

 

Robson Lima Alves, que fez cursos técnicos no CTGAS-ER nas áreas de mecânica industrial e eletrotécnica, foi um dos que obtiveram a certificação inspirada no modelo alemão. Durante discurso emocionado no evento, ele frisou que a qualificação conquistada no Centro foi fundamental “para que entrasse em uma indústria sem ter medo de ser recusado” e, para anos mais tarde, dar início ao próprio negócio.

 

“Eu era mecânico de manutenção automotiva, com desejo de ingressar em uma grande indústria, mas faltava capacitação e muitas vezes voltei com ‘nãos’ para casa’”, disse. O então estudante tem hoje uma empresa de consultoria com foco em energia solar. “Dos 21 anos do CTGAS-ER, oito eu estive aqui dentro e não me arrependo nenhum minuto”.

 

Sucesso

 

O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) e do Conselho regional do SENAI-RN, Amaro Sales de Araújo, destacou o papel do Sistema FIERN, por meio do SENAI, do CTGAS-ER e do ISI para o desenvolvimento tecnológico, a inovação e a educação profissional para a indústria. Ele pegou como gancho a história contada por Robson Alves, ex-aluno do Centro.

 

 

“É essa história que nós temos orgulho de escutar, da conquista da independência, da qualificação, para contar essa história diferente, a história de sucesso”, disse, destacando que o Rio Grande do Norte têm tudo para ser reconhecido como um grande produtor de energia, um importante polo de conhecimento na área e também como grande exportador de energia limpa para outros países, transportada por meio de outro vetor que está no centro da atuação do SENAI-RN: o hidrogênio.

 

O ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e um dos idealizadores do CTGAS-ER, Fernando Bezerra, e a gerente executiva do Centro de Pesquisa da Petrobras – CENPES, Maiza Pimenta Goulart, também destacaram as novas perspectivas que enxergam na esteira das energias renováveis, e o papel do CTGAS-ER não só no passado, mas agora e no futuro.

 

 

“O CTGAS que eu trouxe para cá”, disse Bezerra, “é muito melhor hoje do que o que sonhei no passado”. Goulart, por sua vez, ressaltou que a história do Centro é marcada por “pioneirismo e ineditismo”, com projetos que trazem orgulho à Petrobras e que não cessaram com o fim do consórcio entre a estatal e o SENAI, anos atrás. “A saída da Petrobras em 2018 (do consórcio) não significou descontinuidade na relação. Pelo contrário, novos projetos vieram depois e estão em desenvolvimento”, acrescentou ela.

 

O superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Alfredo Renault, destacou, também em discurso, o papel do CTGAS para o fortalecimento do gás – quando a fonte ainda era irrelevante na matriz elétrica brasileira – e, nos anos que se seguiram, a contribuição do Centro para as energias renováveis, avaliadas por ele como “maior oportunidade que o país tem de reverter o seu desequilíbrio regional”. “A gente percebe a evolução do CTGAS-ER, mas o potencial do que irá acontecer nos próximos anos é enorme”, frisou o superintendente, ressaltando também “a capacitação de pessoal como um dos fatores preponderantes para o desenvolvimento do setor no Brasil”.

 

Representando a governadora Fátima Bezerra, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Jaime Calado, disse que o SENAI e o Sistema FIERN “estão investindo no que há de melhor no Brasil, que é o brasileiro” e que “o estado comemora o fato de ser o maior produtor brasileiro de energia eólica, mas que não quer colaborar – e não está colaborando – com a atividade apenas com sol e vento, mas sim, também com conhecimento”.

 

 

SOBRE O CTGAS-ER

 

O Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER) é parte da rede SENAI do Rio Grande do Norte.

 

Foi inaugurado em 22 de março de 2002 como referência nacional para o desenvolvimento da indústria do gás natural e, a partir de 2009, expandiu a atuação para a então nascente indústria das energias renováveis – uma das mais estratégicas para o crescimento socioeconômico sustentável do Brasil e do mundo.

 

O Centro foi inaugurado a partir de uma parceria inédita entre a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a FIERN, o SENAI e a Petrobras. O ex-presidente da CNI, Fernando Bezerra, e a gerente executiva do Centro de Pesquisa Petrobras – CENPES, Maiza Pimenta Goulart, participaram do evento em comemoração aos 21 anos.
Documentos históricos sobre a trajetória do CTGAS-ER apontam que foi inicialmente constituído com a missão de prover e antecipar soluções para a indústria do gás natural do Brasil, através de educação profissional, assessoria técnica e tecnológica, de informações tecnológicas e pesquisa aplicada.

 

Já com o “ER”, de Energias Renováveis, incorporado ao nome, está posicionado atualmente na rede SENAI como referência nacional em educação profissional e serviços tecnológicos com foco também em energia eólica e solar.
É, ainda, Centro de Excelência nacional para soluções que estão em construção no Brasil, em parceria com a Alemanha, para formar profissionais que irão atuar na cadeia produtiva do hidrogênio verde.

 

Novos passos voltados à indústria de energia eólica offshore e à eletromobilidade, neste momento, marcam mais um capítulo de expansão nessa história.