No dia 8 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher. A data, que tem origem na luta feminina contra desigualdades de gênero, foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como ocasião para celebrar os avanços das mulheres na sociedade, na política e na economia. Nesta data, mulheres de destaque da indústria potiguar falam sobre suas vivências, desafios e conquistas.
A empresária Maria da Conceição Tavares é fundadora, junto ao marido, da IPLAN — Indústria de Plásticos Andrea —, além de ser presidente do Sindicato de Material e Laminados Plásticos do RN (Sindiplast-RN) e uma das vice-presidentes da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN). “Me sinto honrada por ocupar um lugar na diretoria da FIERN e por ter sido uma mulher pioneira. Essa posição não é fácil, haja vista a diretoria ser formada em sua maioria por homens, mas os desafios foram vencidos”, comenta.
“Tenho a convicção de que temos que desconstruir nossas crenças limitantes para criarmos um mundo mais justo, igualitário e sem preconceitos, baseado no talento e capacidade, e não simplesmente em gênero”, ressalta Conceição. “É possível constatar importantes avanços na garantia dos direitos das mulheres. Entretanto, ainda são insuficientes quando se fala em equidade e igualdade de oportunidades, seja no mercado de trabalho ou na política e economia”, acrescenta a presidente do Sindiplast-RN e vice-presidente da FIERN.
“O dia 8 de março é importante justamente para dar visibilidade às lutas das mulheres pela igualdade de direitos. Muito já foi alcançado, mas ainda temos muitos desafios a vencer”, conclui Conceição.
Para Jeane Kelly Ribeiro, instrutora do Centro de Tecnologias Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER) do SENAI, “é sempre bom mostrar para outras mulheres que as portas estão se abrindo, basta ter dedicação para poder abraçar as oportunidades do mercado”.
Além de ter sido a primeira mulher a cursar o técnico em Eletricidade no próprio CTGAS-ER, ela construiu uma carreira na indústria com fortes alicerces na educação — é especialista em Energia Eólica pelo SENAI, licenciada em Física pela UFRN e especialista em Engenharia de Controle e Automação Industrial e em Engenharia Elétrica com ênfase em instalações elétricas industriais.
“Durante minha formação passei por muitos desafios, era a única mulher da turma no curso técnico, trabalhei no ramo da manutenção elétrica e era a única mulher do setor na empresa. É sempre muito desafiador, mas é gratificante vencer as provações”, afirma Jeane. “É muito bom poder mostrar às minhas alunas que existe um mercado no qual mulheres podem atuar, basta que isso seja do interesse delas”, completa.
Pryscilla Dantas é formada em Administração pela UERN, especialista em Gestão Pública pelo IFRN e mestre em Administração de Empresas pela UFERSA. Há dois anos e meio é instrutora do SENAI em Mossoró, nos cursos técnicos de Assistente Administrativo, Logística e Contabilidade, além de lecionar e ser coordenadora de cursos na Uninassau.
Ela ressalta a importância da data para enaltecer a competência das mulheres na área da gestão. “Há não muito tempo as mulheres não tinham espaços na política, na economia e na gestão, então é importante conscientizar as mulheres mais jovens sobre essa evolução e da possibilidade de maiores avanços. Ainda hoje há muito preconceito quanto à capacidade das mulheres em gerir, mas somos, sim, muito competentes e importantes para a gestão, seja pública ou privada”, destaca Pryscilla.
Na área das energias, os trabalhos de campo são predominantemente realizados por homens. Porém, Ana Carolina Melo é uma das mulheres que atua na área e desconstrói esse estigma. Técnica em Automação Industrial pelo CTGAS-ER e em Eletrotécnica pelo IFRN, ela começou a carreira na indústria do Petróleo e Gás, fazendo a manutenção e calibração de sensores. Hoje, é operadora de célula de controle na ContourGlobal, empresa que realiza monitoramento de parques eólicos no município de João Câmara e no estado do Piauí.
“A presença de mulheres ainda é baixa nas funções de campo do setor de energias. Há uma cultura antiga de que apenas homens têm capacidade de exercer funções desse tipo. Mas mulheres também têm os requisitos de responsabilidade, formação e qualidade para isso. Torço para que as oportunidades cresçam e fico muito feliz porque, hoje, as empresas pensam muito nessa paridade de gênero no corpo de profissionais”, afirma Ana Carolina.
“O Dia Internacional da Mulher é muito importante para mim. Além de ser a data do meu aniversário, é um marco para destacar a participação das mulheres. Acredito que não nasci nesse dia à toa, mas sim para batalhar e conquistar meu espaço”, continua.
Recentemente, ela foi aprovada na primeira Especialização para Mulheres em Operação e Manutenção de Parques Eólicos, um projeto do SENAI/CTGAS-ER em parceria com a AES Brasil. “É muito importante dar oportunidades para as mulheres. Nosso estado tem um grande potencial para avançar com esse tipo de energia. Eu segui por essa carreira justamente pela perspectiva para o futuro”, finaliza.
Mulheres na indústria
Os últimos anos mostraram que as mulheres ganharam mais espaço e reconhecimento na indústria brasileira. Dados do MAIS RN, núcleo de planejamento estratégico contínuo da FIERN, mostram que, no Brasil, houve um crescimento de 2,3 para 2,5 milhões de mulheres formalmente empregadas no setor, representando um crescimento de quase 10%.
Além disso, a cada 10 indústrias brasileiras, 6 contam com programas ou políticas de promoção de igualdade de gênero, sendo que 61% afirmam tê-las há mais de 5 anos, é o que mostra uma pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado nesta quarta-feira (8). O levantamento, realizado com 1 mil executivos industriais, sendo 40% mulheres, mostra também que 57% dos entrevistados dão importância alta ou muito alta às políticas de gênero.
O Rio Grande do Norte, por sua vez, apresentou um crescimento de cerca de 20% — acima da média brasileira. A indústria potiguar, um dos setores com maior média salarial do estado, dobrou, desde 2010, o salário das mulheres industriárias. Com isso, as trabalhadoras da indústria injetam aproximadamente um total de R$ 34 milhões de reais mensalmente na economia potiguar.
As mulheres estão em todas as áreas da indústria, com destaque especial para as áreas têxtil, de alimentos e bebidas, serviços de utilidade pública e a indústria extrativa mineral. “Dentro dos serviços de utilidade pública, vale ressaltar o setor das energias, que tem trabalhado ativamente para fomentar a participação feminina nessa área que tem crescido expressivamente no nosso estado”, afirma a administradora Fernanda Lemos, do MAIS RN.
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