A Petrobras e os Institutos SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e em Sistemas Embarcados (ISI-SE) iniciaram oficialmente, no Rio Grande do Norte, os primeiros testes em ambiente marinho da “BRAVO”, tecnologia desenvolvida no Brasil para a mais nova fronteira do setor de energia: a eólica offshore.
Chamado de “Bravo – Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore” – o sistema que está em desenvolvimento deverá ter capacidade de medir velocidade e direção dos ventos, variáveis meteorológicas, como pressão atmosférica, temperatura do ar e umidade relativa, além de variáveis oceanográficas, a exemplo de ondas e correntes marítimas. O trabalho foi iniciado em 2021 e terá duração total de dois anos.
Segundo o Termo de Cooperação firmado entre as partes, o investimento da Petrobras no projeto totalizará R$ 9 milhões, através do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica, regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
O lançamento da boia foi realizado a cerca de 15 km da costa de Areia Branca, com o apoio da Companhia Docas do RN (CODERN) e da empresa Intermarítima Portos e Logística, nova operadora do Terminal Salineiro de Areia Branca – Porto Ilha.
O sistema de sensoriamento da boia capta os dados meteorológicos e oceanográficos de forma automatizada. Um algoritmo desenvolvido especialmente para o projeto permite corrigir as informações em função das variações de posição provocadas pelas ondulações do mar. Ao mesmo tempo, os dados são transmitidos para um servidor em nuvem por meio de comunicação satelital, para serem posteriormente analisados. A boia também conta com autonomia energética, fornecida por módulos fotovoltaicos instalados e uma pequena turbina eólica.
“A Petrobras é uma empresa altamente tecnológica, que tem excelência na adoção de modelos colaborativos de inovação que integram nossas áreas de negócio com diversos parceiros tecnológicos externos. Projetos como a Bravo estão alinhados ao Plano Estratégico 2023-27 da companhia, recém-lançado, que prevê aprofundamento de estudos e avaliação de oportunidades em hidrogênio, eólica offshore e captura de carbono”, afirma Rafael Chaves, diretor de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobras.
Segundo o coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Antonio Medeiros, a Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore abre perspectivas para oferta de uma solução nacional para medição de potencial eólico offshore. “No Brasil, ainda não possuímos tecnologia de medição do potencial eólico offshore utilizando boia, o que torna esse projeto, sem dúvida, um ganho para a competitividade da indústria”, diz ele.
Luciano Bezerra, pesquisador líder do laboratório de Energia Eólica do ISI-ER, complementa sobre os ganhos: “Hoje existem vários modelos comerciais de equipamentos desse tipo fabricados na Europa e, para o Brasil, além de vantagens econômicas ao reduzir a dependência do mercado internacional, há o desenvolvimento do conhecimento no mercado interno possibilitado por um projeto como este”.
A boia foi lançada no mar para a testagem em ambiente relevante, com um Sensor ótico (LIDAR –Light Detection and Ranging), que por meio de feixes de Laser, permite traçar o perfil anemométrico no local. “Os dados de vento captados por uma LiDAR fixo de referência serão comparados com os dados captados pelo LiDAR existente na boia”, explica o pesquisador do Instituto SENAI de Sistemas Embarcados, Willian Henrique. Após a etapa de validação, será possível determinar o grau de prontidão da tecnologia.
Nos próximos sete meses, o sistema de comunicação da Bravo permitirá o acesso aos dados coletados no litoral do Rio Grande do Norte. Eles serão enviados para um servidor em nuvem acessado pelo SENAI e Petrobras. As informações colhidas pela Bravo serão comparadas com os dados coletados por um LiDAR fixo, instalado no terminal salineiro de Areia Branca. O LiDAR é um sensor ótico que permite medir a velocidade e direção do vento, entre 10 e 200 metros de altura, gerando dados compatíveis com a altura de operação das turbinas eólicas offshore.
“O potencial eólico offshore é objeto de estudos há mais de 10 anos dos pesquisadores do SENAI-RN que integram a equipe do ISI-ER, e os estudos nessa área estão se expandindo”, diz o diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, Rodrigo Mello, acrescentando que “a instituição participou, inclusive, da iniciativa pioneira da Petrobras que permitiu a realização das primeiras medições do recurso eólico offshore no país”.
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