SENAI-RN, universidades e empresas discutem com governo perfis profissionais para o offshore

14/12/2022   15h16

Reunião foi promovida pela Sedec-RN e teve como objetivo aproximar os atores envolvidos para identificar perfis profissionais que serão necessários à nova fronteira energética.

 

Os empregos que serão inicialmente gerados em futuros complexos de energia eólica offshore (no mar) deverão ser distribuídos em atividades de fabricação de componentes (56%), Operação & Manutenção (28%), Instalação (11%), descomissionamento (4%) e desenvolvimento (1%).

 

As estimativas foram apresentadas durante reunião promovida, nesta terça-feira (13), pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte e, segundo o diretor do SENAI-RN, Rodrigo Mello, os perfis profissionais para ocupar esses postos terão de ser criados ou adaptados para atender à indústria.

 

A reunião, realizada presencialmente e online, contou com a participação de Rodrigo Azeredo, embaixador do Brasil na Dinamarca, do diretor no Brasil do fundo de investimentos dinamarquês Copenhagen Infrastructure Partners (CIP/COP), Diogo Nóbrega, de representantes das quatro universidades públicas no estado (UFRN, IFRN, UERN e UFERSA), da Secretaria Estadual de Educação e dos projetos Bi Pedra Grande (Bi Energia), Maral (Ocean Winds), Alísios Potiguares (Cip/Cop), Ventos Potiguar (Internacional Energias), Beta (Beta Wind Energias), Água Marinha (Bluefloat Energy do Brasil), Cattleya (Bluefloat Energy do Brasil), Galinhos (Shell Brasil), e Ventos do Caiçara (Monex Geração de Energia). Os nove projetos estão em fase de licenciamento no Ibama e aguardam regulamentação nacional do setor.

 

O objetivo do encontro, segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Jaime Calado, foi aproximar os atores envolvidos para identificar os perfis profissionais que serão necessários para mover a chamada nova fronteira energética.

 

As principais áreas de empregabilidade e formações, em cada etapa dos projetos, foi apresentada por Diogo Nóbrega, da CIP/COP. Profissionais de engenharia, para áreas como a legal, a de pesquisas, tecnologia da informação e a administrativa são os que já podem vislumbrar, segundo ele, oportunidades no horizonte.

 

Potenciais caminhos para capacitação, que já são objeto de ações e articulações do SENAI-RN, foram apresentados pelo diretor da instituição, Rodrigo Mello.

 

“O SENAI tem feito um trabalho desde o início das atividades das energias renováveis, que começaram pela eólica, no início desse século, com a formação de pessoas e participando um pouco de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação”, disse ele.

 

“Temos todo o aparato de formação das ocupações de mão de obra técnica, dos profissionais de eletrotécnica, mecânica, instrumentação, automação. Somos homologados GWO, com quem já iniciamos as tratativas de outras ocupações, de outros cursos de segurança do trabalho, para ocupações do offshore, e em áreas como gestão de transporte marítimo para empresas que se interessam por isso, na indústria de energia”, acrescentou, complementando: “Além disso, temos no nosso centro a presença firme da Maersk – maior empresa de treinamentos para a indústria eólica no mundo – com quem iniciamos as tratativas em missão técnica que fizemos à Dinamarca para este fim, já vislumbrando a necessidade de mão de obra e treinamento de segurança em especial para o ambiente offshore, e tudo isso muito enriquecido especialmente pelo relacionamento com os investidores”, destaca o diretor regional do SENAI-RN.

 

Mello observou que, via de regra, petroleiras e empresas de energia, bem como de tecnologia envolvidas, têm visitado o Rio Grande do Norte para tratar de interesses em projetos futuros e atuais – e têm incluído o Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI, e o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), no roteiro.

 

“Já estamos desenvolvendo projetos na área com algumas dela, seja de tecnologia, de prestação de serviço, de medição e de características do recurso eólico no ambiente offshore, de desenvolvimento de equipamentos, bem como de soluções de formação de pessoas e, nesse caso, também voltados à condição atual do onshore”, observou na reunião.

 

Durante a reunião foram apresentados dados globais do setor, além de perspectivas para o desenvolvimento da indústria no Brasil e no Rio Grande do Norte

 

O CTGAS-ER é a principal referência do SENAI no Brasil em formação profissional e serviços para as indústrias de energias renováveis e do gás. O ISI-ER, por sua vez, é a referência nacional em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) em energia eólica, solar e sustentabilidade, incluindo novas tecnologias, como o hidrogênio verde.

 

“É com muito conforto que a gente diz que o SENAI, que foi pioneiro na condução da formação de pessoas na indústria do gás, nos anos 90, depois em energia eólica, depois em energia solar, e que está liderando projeto com a Alemanha agora para abrir um centro de excelência para desenvolvimento dos perfis profissionais da indústria de hidrogênio, está muito vivo, atencioso e em discussões permanentes com centros de formação de pessoas no exterior, e com as empresas, para desenvolver soluções voltadas a esse futuro próximo que se apresenta (no offshore), mas que começa hoje”, observou o diretor.

 

Eólica offshore

O setor de energia eólica offshore está em regulamentação no Brasil e já cadastrou, no Ibama, 176,58 Gigawatts (GW), em um total de 70 empreendimentos, com pedidos de licenciamentos. Os números, divulgados no início do mês, mostram expansão na comparação com o levantamento anterior, de agosto, e revelam que quase metade da potência registrada (45,86%) está localizada na Margem Equatorial nordestina, ante 35,35% na região Sul do país e 18,8% no Sudeste.

 

“Esse Mapa mostra um extremo interesse pelo offshore brasileiro, com projetos que, somados, praticamente alcançam a capacidade total instalada, hoje, no país, de cerca de 196 Gigawatts (GW), considerando todas as fontes de energia elétrica”, diz Rodrigo Mello. “E esse interesse”, complementa ele, “segue em crescimento”.

 

A energia eólica offshore é gerada com usinas implantadas no mar, modalidade já existente nos Estados Unidos, na Ásia e em países da Europa. No Brasil, os projetos com processos de licenciamento ambiental abertos estão em oito estados, incluindo o Rio Grande do Norte, o maior produtor de energia eólica no país, em terra.

 

O Mapa do Ibama, de acordo com o coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento do ISI-ER, Antonio Medeiros, “mostra quem está ‘comprando ingressos’ para tentar participar do show da energia eólica offshore brasileira”, mas não significa um retrato dos futuros investimentos no setor.

 

“Os investimentos vão depender de vários fatores, como regulamentação, modelo de contratação, viabilidade técnica, medição do recurso eólico, viabilidade ambiental, condição logística para escoamento da energia e instalação do projeto”, disse, ressaltando que também é precipitado dizer quais estados terão a maior parte dos investimentos.

 

“O Mapa mostra uma série de áreas de interesse, mas muitas delas são sobrepostas. Isso significa que nem todos os investimentos serão concretizados dessa maneira. Na prática, o que se sabe é que uma série de investidores já está na fila, de olho nessa fronteira”.

 

 

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