A Margem Equatorial do Nordeste brasileiro, que engloba os estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão, é a região mais atrativa do Brasil para implantação de parques eólicos offshore (no mar), de acordo com análise divulgada nesta segunda-feira (12) pelo Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).
A posição da área como principal zona de interesse para potenciais investimentos foi reforçada, segundo o Instituto, pelo Mapa de complexos eólicos offshore que estão com processos de licenciamento abertos no Ibama, atualizado na última segunda-feira (05).
São 176,58 Gigawatts (GW) cadastrados no país, em um total de 70 empreendimentos. Os números mostram expansão na comparação com o levantamento anterior, divulgado em agosto, e revelam que quase metade da potência registrada (45,86%) está localizada na Margem Equatorial nordestina, ante 35,35% na região Sul do país e 18,8% no Sudeste.
“Esse Mapa mostra um extremo interesse pelo offshore brasileiro, com projetos que, somados, praticamente alcançam a capacidade total instalada, hoje, no país, de cerca de 196 Gigawatts (GW), considerando todas as fontes de energia elétrica”, diz o diretor do SENAI do Rio Grande do Norte e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, Rodrigo Mello. “E esse interesse”, complementa ele, “segue em crescimento”.
Expansão
Entre agosto e dezembro deste ano, o número de projetos cadastrados para licenciamento aumentou 6,06%, com quatro novos empreendimentos que chegaram ao Ibama com previsão de implantação em áreas offshore no Rio Grande do Norte e no Ceará
A maioria dos 70 empreendimentos projetada para o país está situada na faixa que vai de Touros, no RN, à Ilha Grande, no Piauí, detalha o coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) do ISI-ER, Antonio Medeiros.
A área é objeto de estudos do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis – no mais abrangente mapeamento em desenvolvimento no Brasil para identificar o potencial de geração de energia eólica com turbinas implantadas no mar.
O projeto é desenvolvido em convênio com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), com recursos fruto de articulação realizada em 2021 pelos senadores da República Jean-Paul Prates, Davi Alcolumbre e Marcio Bittar.
No início de 2023, serão instaladas as estações de medição do projeto e uma das expectativas, observa Medeiros, é identificar novas áreas de interesse na região, passando pelo Norte do país, em estados como Pará e Amapá.
“A Margem Equatorial nordestina já é a área mais atrativa do Brasil para parques eólicos onshore (em terra), pela constância do vento. O fator de capacidade na região, ou seja, a produtividade dos parques eólicos, está acima da média mundial, e os estudos que estamos desenvolvendo pretendem apresentar o real potencial medido, além de desbravar novas áreas promissoras à implantação eólica offshore”, acrescenta o pesquisador.
O Mapa
O Mapa do Ibama, de acordo com Medeiros, “mostra quem está ‘comprando ingressos’ para tentar participar do show da energia eólica offshore brasileira”, mas não significa um retrato dos futuros investimentos no setor.
“Os investimentos vão depender de vários fatores, como regulamentação, modelo de contratação, viabilidade técnica, medição do recurso eólico, viabilidade ambiental, condição logística para escoamento da energia e instalação do projeto”, disse, ressaltando que também é precipitado dizer quais estados terão a maior parte dos investimentos.
“O Mapa mostra uma série de áreas de interesse, mas muitas delas são sobrepostas. Isso significa que nem todos os investimentos serão concretizados dessa maneira. Na prática, o que se sabe é que uma série de investidores já está na fila, de olho nessa fronteira”.
Os complexos eólicos à espera de licenciamento para implantação offshore (no mar) estão distribuídos em oito estados brasileiros. A potência somada, de 176,58 GW, é mais de sete vezes superior à capacidade atualmente instalada em parques eólicos em terra, de 23,34 GW, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica).
O ISI-ER
O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) é a principal referência do SENAI no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) com foco em energia eólica, solar e sustentabilidade, incluindo novas tecnologias como o hidrogênio verde.
Desde que foi criada, em 2013, mais de R$ 1,2 bilhão foram mobilizados em 1.332 projetos de PD&I. O ISI-ER está em operação no Hub de Inovação e Tecnologia (HIT) do SENAI-RN, em Natal, desde 2018, e foi oficialmente inaugurado em junho de 2021, com a conclusão das instalações e a operação plena dos laboratórios.
Pesquisadores/as do Instituto foram pioneiros/as em estudos, com medições, sobre o offshore brasileiro, desenvolveram projetos como o novo Atlas Eólico e Solar do Rio Grande do Norte e estão à frente do mais abrangente mapeamento em desenvolvimento no Brasil para identificar o potencial de geração de energia eólica com turbinas implantadas no mar, em convênio com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
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