O Brasil registrou este ano “o maior incremento da história em capacidade instalada de energia eólica” e o Rio Grande do Norte, o maior produtor desse tipo de energia no país, foi o estado que mais puxou esse crescimento. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (16) pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) a partir de dados consolidados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
O levantamento mostra que foram instalados no país mais de 3 Gigawatts (GW) em energia eólica em 2021, até novembro, e que a participação potiguar nesse total chegou a 44,19%, ou a 1,35 GW. Na sequência do ranking aparecem Bahia, com contribuição de 818,40 MW, ou uma fatia de 26,79%, Ceará (10,03%), Paraíba e Piauí.
Com a adição dos 3 GW, “o maior incremento na capacidade instalada de fonte eólica da história”, segundo a Aneel, a potência instalada da “energia dos ventos” no país alcançou 20,1 GW, o que representa participação de 11,11% das eólicas na matriz energética brasileira.
Analistas do mercado comemoraram o crescimento e afirmam que a tendência é de mais expansão do setor, com repercussões positivas em geração de novas oportunidades de emprego, qualificação profissional e desenvolvimento tecnológico.
Desenvolvimento
“Esse é um crescimento extremamente importante, que começou lá atrás, derivado do potencial gigantesco que o Brasil tem, e com uma importância especial do ponto de vista do desenvolvimento, porque é a partir dele que se geram oportunidades de qualificação de pessoas e de entrada de pessoas no mercado de trabalho dessa indústria”, observou Rodrigo Mello, diretor do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), unidades do SENAI Rio Grande do Norte que atuam nas áreas de educação profissional, pesquisa, desenvolvimento e inovação – e que são referências do SENAI no Brasil nessas áreas.
“Isso é emprego na veia. Isso é geração de renda”, acrescentou Mello, ressaltando que a remuneração no setor é 3 vezes superior à média registrada na indústria brasileira, estimada em R$ 2 mil.
“É um setor cuja ampliação gera um movimento positivo do ponto de vista de geração de renda, de ocupação de pessoas, de desenvolvimento municipal e consequentemente desenvolvimento dos estados onde acontece a geração de energia eólica”, frisa.
Atrelada a essa evolução, complementou ele, muita riqueza também será gerada do ponto de vista tecnológico e de desenvolvimento de conhecimento. “Um setor que possui hoje uma capacidade instalada de 20,1 GW (no Brasil), já tem contratado para entrar em operação até 2026 mais 12,9 GW. Ou seja, eu já tenho certeza de que haverá um crescimento de 65% desse setor nos próximos cinco anos e isso requer uma evolução tecnológica que gera provocação das universidades, dos institutos de ciência e tecnologia, como o nosso, e o Rio Grande do Norte é destaque nacional nesse campo”.
Expansão
Hoje, o Rio Grande do Norte representa cerca de 30% da geração eólica nacional, conta com cerca de 6 GW instalados e tem mais a caminho. “Já temos previstos para entrar em operação nos próximos 5 anos mais 4,3 GW de energia, ou seja, 70% a mais de tudo o que a gente construiu até hoje, então vamos entrar numa lógica de recorde sobre recorde”, estimou ainda o diretor do ISI-ER e do CTGAS-ER.
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) e do Conselho Regional do SENAI-RN, Amaro Sales de Araújo, fez coro, ressaltando que o estado “caminha para ser reconhecido internacionalmente como locomotiva das energias no Brasil, não só no campo eólico”. “Na energia solar e, em breve, no hidrogênio verde também”, observou.
Ele destacou ainda o salto previsto na geração potiguar – e do Brasil – com as perspectivas que se abrem no setor offshore, a geração de energia eólica a partir de turbinas instaladas no mar – que tem os primeiros projetos à espera de licenciamento no Ibama.
“O RN, com sua capacidade futura de produção de 140 GW é a solução para o problema da crise energética”, enfatizou Sales. “É o Nordeste produzindo energia para o Brasil, neste momento tão difícil para o setor nacionalmente. Mais uma prova de que o Nordeste não é problema, é solução para o país”.
Tendência
Para Elbia Gannoum, presidente executiva da ABEEólica, a tendência de crescimento do setor é não apenas necessária, mas irreversível diante da emergência climática mundial que existe. “Temos uma emergência climática para resolver e as instalações de energias renováveis precisam se expandir como uma das ferramentas imprescindíveis nesta luta”, destacou, em nota sobre avaliação do cenário apresentado nos dados da Aneel.
O crescimento recorde de instalações de energia eólica, na análise dela, “é fruto do trabalho de uma indústria sólida e que tem se expandido de maneira consistente nos últimos 12 anos”. “É também reflexo de um grande crescimento do mercado livre para as eólicas. Desde 2018, estamos vendendo mais no mercado livre do que nos leilões do regulado, consequência de uma abertura maior do mercado e também do crescimento de conscientização das empresas sobre a importância de se consumir energias renováveis”.
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