Quais iniciativas podem ajudar a reduzir o déficit de mão de obra no setor de tecnologia? Para responder essa pergunta, a plataforma Bússola, parceira do Grupo FSB e da Exame, promoveu o webinar 5G no Brasil: a corrida por capacitação de profissionais em tecnologia nesta quarta-feira (4).
O leilão do 5G está previsto para acontecer ainda este ano, o que vai exigir das operadoras, do setor produtivo e do sistema de educação público e privado treinamento para uso da tecnologia móvel de quinta geração, incluindo instalação e manutenção de rede.
Para o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, o 5G é um tema estratégico para o país porque vai redefinir o campo de atuação de diversos setores da economia – as indústrias, por exemplo, vão adaptar suas plantas e processos, que vão se tornar mais ágeis e conectados. Como os outros convidados da live, ele reconheceu o desafio na qualificação.
“Temos deficiência na educação básica e na matriz educacional brasileira, formamos pouca gente na educação técnica e profissional, comparado aos outros países. Temos a lei do novo ensino médio, que é um avanço importante”, defendeu Lucchesi, reforçando que “os próximos cinco anos serão decisivos”.
O mediador do debate e diretor da plataforma Bússola, Rafael Lisbôa, apontou as dificuldades de encontrar profissionais especializados e lembrou que a oferta de mão de obra qualificada no país está muito abaixo das necessidades do mercado.
“Dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, a Brasscom, mostram que a demanda anual do setor é de 70 mil novos profissionais, enquanto apenas 46 mil pessoas se formam por ano com o perfil necessário para essas vagas”, comparou o diretor da Bússola.
O encontro virtual também contou com a participação de representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra) e da Huawei.
Para atender a demanda do setor e qualificar os jovens, o SENAI e a Huawei firmaram um acordo de cooperação técnica em abril, que prevê quatro laboratórios de instalação de redes de fibra óptica e a criação do programa ICT Academy SENAI/Huawei, com cursos à distância e presenciais com certificações internacionais nas áreas de cloud, inteligência artificial, fibra óptica e 5G. O objetivo é formar 2 mil pessoas.
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“Investir em educação faz parte do DNA da Huawei. Queremos contribuir com esse desenvolvimento e transformação, preparar o Brasil para essa nova rede e tecnologias, beneficiando os menos favorecidos, pessoas desempregadas em busca de recolocação e jovens nem-nem, que não estudam nem trabalham”, explicou Atilio Rulli, diretor de Relações Públicas e Governamentais na Huawei do Brasil.
José Gontijo, diretor do Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação Digital do MCTI, disse que o Ministério promove ações e está em diálogo com organizações de formação profissional, como o SENAI e as universidades, e as empresas, “que precisam entender que precisam qualificar e requalificar seus profissionais”.
A pasta lançou um novo programa, o MCTI Futuro, que visa formar 40 mil profissionais em até três anos. Contudo, ele chama atenção para uma mudança ainda na educação básica: “Temos que formar crianças e adolescentes para entender conceitos de computação, programação, algoritmos, para quando a tecnologia oferecer a solução, eles saberem mexer”.
Presidente da Feninfra, Vivien Suruagy chamou atenção para alguns rankings: “somos o 9º mercado de TICS, temos a 5ª maior rede de telecomunicações do mundo, mas estamos entre as últimas colocações de competitividade, inovação e ambiente de negócios”. Segundo ela, foram nove anos para implementar o 3G, seis anos para o 4G e a previsão é de entre três e cinco anos para o 5G.
Em outra comparação, Lucchesi destacou que, enquanto os Estados Unidos e a China gastam 500 bilhões de dólares/ano no domínio das tecnologias da indústria 4.0, o Brasil investe em torno de 37 bilhões.
“Precisamos desse nível de resposta, para que não tenhamos situação paradoxal, alto nível de desemprego e empresas procurando mão de obra”.
Por: Amanda Maia
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